Quebre o silêncio do seu rim – ele tem muito a falar!

Basta um exame de urina, medir a dosagem de creatinina no sangue e a pressão arterial. Medidas simples como essas são capazes de detectar se uma pessoa tem risco de ser portador ou estar com uma moléstia que é silenciosa: a doença renal


Localizados nos dois lados da coluna vertebral e protegidos pelas últimas costelas, os rins, normalmente, não têm mais do que 12 cm. Juntos, pesam, em média, 300 gramas e diariamente filtram 180 litros de sangue. É destes órgãos a função de eliminar toxinas do sangue, como a ureia, a creatinina e o ácido úrico, além de reter as substâncias importantes para o organismo. Os rins também são responsáveis por produzir hormônios, que participam na formação de glóbulos vermelhos; da vitamina D, que ajuda a absorver o cálcio e, da renina, que intervém na regulação da pressão arterial.



Mas silenciosamente, o rim pode deixar de executar alguma dessas funções e isto é mais comum do que se pensa. Pesquisas realizadas nos países da América do Norte mostram que de 10% a 13% da população adulta de um país tem Doenças Renal Crônica (DRC). Para o médico nefrologista e presidente da Pró-Renal Brasil, Miguel Carlos Riella, estes percentuais podem refletir, também, a realidade brasileira, ou seja, em torno de 12 milhões de pessoas, no Brasil, sofrem de doenças renais crônicas. “A grande maioria das pessoas que tem doenças crônicas do rim não sabem e não percebem, uma vez que ela ocorre de forma lenta, gradual e sem sintomas. Quando eles aparecem, o paciente já perdeu de 75% a 80% da função renal” destaca o médico.


Quanto mais cedo a insuficiência renal for descoberta e quanto antes este silêncio for quebrado, mais chance de sucesso terá o tratamento, por isso a necessidade de realização anual de exames de urina e de creatinina – a avaliação mais precisa sobre o funcionamento dos rins. Entre os principais sintomas associados às doenças renais estão o inchaço nos olhos, nos pés e nas pernas; pressão arterial elevada; rosto constantemente pálido; sonolência e cansaço excessivos, dores ou desconforto ao urinar e presença de sangue ou espuma na urina.


As doenças renais também apresentam grupos de riscos, que devem ter cuidados redobrados, entre eles estão os diabéticos, hipertensos, obesos, idosos e aqueles com histórico familiar de doença renal ou cardiovascular. Mas independente de fazer ou não parte de um dos grupos de riscos, é fundamental que todos procurem ter uma alimentação saudável, com menos sal, gordura saturada e proteína e rica em verduras, vegetais, frutas e peixe.



Rins e Coração


Estudos mostram que a DRC aumenta o risco de problemas cardíacos, como infarto, derrame cerebral e trombose cerebral. “Além dos fatores clássicos de arteriosclerose que são o colesterol alto, diabetes, pressão alta e tabagismo, verificou-se que ter DRC também é um fator de risco para o coração”, pontua Riella.


O médico lembra que há muito pouco tempo havia o receio de que um paciente com doença crônica nos rins pudesse perder a função renal e acabasse em diálise ou necessitasse de um transplante do órgão. Hoje, Riella enfatiza que a grande maioria dos pacientes com DRC nem chega ao tratamento de diálise, morre de complicações cardiovasculares. Quando os rins deixam de remover produtos do sangue, há retenção de sal e com isso, o organismo passa a armazenar líquidos. Este acúmulo acaba por sobrecarregar o coração, aumentando a pressão arterial e podendo vir a se tornar um edema.


Descuidar da pressão arterial também pode ser nocivo aos rins e ao lado do diabetes corresponde por 60% das causas de insuficiência crônica dos rins.


Riella recomenda que ao ser diagnosticado com pressão alta, o paciente deve tomar alguns cuidados especiais, como perder peso, reduzir a ingestão de sal – de 5g a 6g diárias –, evitar o tabagismo, diminuir ou até mesmo moderar o consumo de bebidas alcoólicas, dormir bem, praticar exercícios físicos e evitar situações de estresse.



Diabetes O Ministério da Saúde divulgou, no fim de 2009, que metade dos brasileiros está com sobrepeso e de acordo com o presidente da Pró-Renal Brasil, há uma evidente relação entre ganho de peso e o aparecimento do diabetes tipo II, quando não há produção suficiente de insulina pelo organismo ou incapacidade de utilizá-la de forma adequada.


Riella também salienta que o diabetes e a hipertensão arterial são as duas principais causas da insuficiência renal crônica e que metade dos pacientes diabéticos tipo I podem desenvolver doença renal, enquanto apenas 10% entre os portadores da tipo II terão, eventualmente, alguma enfermidade progressiva nos rins, causando a sua insuficiência permanente. “Os níveis elevados de glicose danificam as artérias de todo o organismo, causando problemas cerebrais, oculares, cardíacos, vasculares periféricos e renais. Pessoas com histórico de diabetes na família devem ter atenção redobrada para evitar complicações da doença”, alerta o médico.



Pró-Renal Brasil De forma interdisciplinar, a Pró-Renal Brasil desenvolve, em Curitiba, tratamentos inéditos, no cuidado aos pacientes com DRC. De acordo com a coordenadora Geral da instituição, Anelise Marcolin, em um único local, o paciente tem atendimento integrado: podologia, nutrição, odontologia, assistência social e psicológica.


Ali, o paciente recebe tratamento especializado para o pé diabético. “Todo o diabético, em diálise ou não, pode vir a ter lesões nos pés, com perda de sensibilidade. Não se trata de uma ação estética, mas curativa”, salienta Anelise. As podólogas são especialistas em inspecionar e avaliar o pé e orientar o cuidador sobre os cuidados a serem tomados. “Este é um tratamento preventivo, pois evita a amputação do membro, trata a infecção e melhora a qualidade de vida do paciente. Este trabalho foi iniciado em Curitiba há oito anos”, enfatiza a coordenadora.


De forma gratuita, o paciente também recebe tratamento odontológico, com cuidados preventivos de limpeza e de redução de infecções. O paciente renal que está sendo preparado para o transplante não pode ter nenhum tipo de infecção. “A boca é um foco de infecção constante. Se não houver cuidados bucais, ele pode vir a perder o transplante renal” pontua Anelise.


O Sesc Paraná é parceiro da Pró-Renal Brasil na realização de eventos anuais para orientar a população sobre os cuidados com o rim. Ainda neste ano, as instituições realizarão quatro eventos para realização de exames e de orientação, nas cidades de Curitiba, Pato Branco e Londrina.


Silvia Bocchese de Lima

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