Vozes para Anita
Por décadas restrita ao seu labor, história da multiartista Anita Cardoso Neves começa a ser revelada na capital paranaense O escritor uruguaio Eduardo Galeano, em De pernas para o ar , é categórico ao afirmar que “não existe história muda. Por mais que a queimem, por mais que a mintam, a história humana se recusa a fechar a boca”. Por muitos anos a história de Anita Cardoso Neves – nome artístico de Emerenciana Cardoso Neves –, foi ocultada e sua identidade mantida no anonimato. Recém-chegada a Curitiba, no fim da década de 1990, a hoje artista plástica Eliana Brasil, ao percorrer o centro da capital paranaense, na Praça Generoso Marques, aos fundos do Paço da Liberdade, deparou-se com uma estátua, voltada para o local onde em 1668 foi erguido o Pelourinho. “Fiquei tocada pela figura da mulher negra, esguia, que altiva e resistente, sustenta no alto da cabeça o pesado fardo – na ocasião eu não sabia o nome da obra, se era réplica ou não e nem quem era seu autor. Em minha negritude sab