Mala Cheia



O mesmo horário, a mesma rota, pessoas e ponto de ônibus. Tudo igual, se não fosse uma mala vazia que eu estava carregando. E foi a curiosidade de um senhor que aguardava o ônibus que fez com que iniciássemos uma longa conversa.


Este senhor de quase 70 anos, mora na mesma rua que eu e trabalha como advogado, em um escritório, bem próximo ao meu trabalho. Há quase dois anos o vejo, pelo menos uma vez na semana, mas nunca trocamos mais do que “Bom dia” ou “Boa tarde”!


Véspera de feriado e às 18 horas, é preciso ter paciência no trânsito de Curitiba e a espera por chegar a minha casa rende histórias e mais histórias.


Depois das devidas apresentações, o Seu Fernando me contou que é um estudioso de nomes. Rimos de alguns nomes estranhos, como “Eva Dias”, “Florisvaldo”, “Maikon Gecksson”, mas foi quando contei o nome da minha sobrinha, que este homem, cujo nome significa guerreiro, ficou com os olhos cheios de lágrimas.


_ “Marina?” – perguntou ele.


Quando confirmei, ele me disse que assim se chamava o grande amor da vida dele.


Questionei, então, se havia sido com ela que ele havia se casado e tido sua filha. De cabeça baixa, ele me confessou que não e que se arrependia até hoje por não ter vivido aquele amor.


Foi casado durante 34 anos, teve uma filha, separou-se e hoje comemora a netinha Bruna, mas revela que nunca mais amou de verdade, nem foi realizado em sua união. Como nunca deixou de ter notícias da mulher amada, não conteve as lágrimas ao dizer que não foram felizes as últimas informações que recebeu sobre ela.


Ao me despedir do Seu Fernando, a minha mala – outrora vazia – estava mais pesada, repleta de histórias de vida, de amor e desamores.


Continuei meu caminho na certeza de querer viver plenamente a minha vida e um grande amor!



Silvia Bocchese de Lima

Comentários

  1. Silvia, linda e verdadeira sua história. Mais do que carregarmos nossas próprias malas é podermos compartilhar outras tantas e seus conteúdos. Abraços, Denise Padilha.

    ResponderExcluir
  2. Lindo e-mail só poderia vir dessa geniosa Silvia Bochese.

    Querida Sílvia..se queres viver a plenitude de um novo amor...deixe as mágoas do passado no PASSADO! Joga a MALA (o MALA) fora.

    Peça que Deus te dê a devida força pra esquecer e olhar ao redor que sempre tem alguém interessante que apenas quer uma chance.

    Veja o exemplo do seu amigo aqui longe...longe no longínquo PE...que parece estar gostando de alguém novamente.

    Ai eu pergunto: Estou eu curado ? Não. Posso amar novamente ? CLARO E QUERO!

    "o pardal encontrou casa...a andorinha ninho para si"

    Que Deus abençoe essa maravilhosa pessoa que você é.

    Beijos.

    ResponderExcluir
  3. Amiga minha.
    Adorei sua crônica.
    Espero poder receber direto suas histórias, neste e em meus outros e-mails para compartilhar com outros amigos suas belísismas histórias.
    beijo gigante e ainda aguardo sua visitinha no boliche.
    Deus abençoe.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Black Friday digital

Em reverência a Poty

Poty por aqui