Endividamento não freia consumo

Apesar das dívidas com cartões de crédito, cheque pré-datado, empréstimos e prestações, consumidor curitibano segue consumindo

Para o consumidor talvez não haja tarefa mais difícil quanto fazer o planejamento financeiro pessoal e separar metodicamente o quanto será investido em educação, despesas fixas, a diversão e para reservas. Consultores financeiros têm uma fórmula, que para ser aplicada deve ser adaptada a cada fase da vida do consumidor, mas os números são norteadores: 20% do orçamento deveria ser investido em transporte, vestuário e alimentação; outros 20%, em despesas com moradia; 20% com inovações tecnológicas e cursos de atualização profissional; 15% em lazer e 25% em fundo de aposentadoria ou poupança.

Mas o consumo e o endividamento têm mostrado que cada vez mais o consumidor opta por parcelas e juros altos na aquisição de bens duráveis. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em Curitiba, em julho deste ano, revela que 93% das famílias curitibanas estão endividadas, 28% com contas em atraso e 6% não terão condições de arcar com esta dívida. Os números são bem maiores do que os registrados em julho de 2010, quando 62% estavam endividadas; 28% com contas em atraso e 8% não tinham condições de pagar.

De acordo com a pesquisa, 11% das famílias com renda superior a 10 salários mínimos, ou seja, acima de R$5.450, estavam com contas em atraso em 2010 e, neste mês, o número saltou para 17%.
O cartão de crédito é o grande gargalo do orçamento familiar, absorvendo 46,1% dele, seguido do financiamento de carro, com 22,9%; dos carnês, com 17,7% e do financiamento de casa, com 8,6%.

Para o empresário sócio-administrador da Glass Comércio e Instalação de Vidros, da capital paranaense - uma empresa especialista em coberturas, portas e janelas em vidro -, Fernando Smolinski, o ramo de vidraçarias, sentiu queda das vendas somente em julho, mas iniciou o mês de agosto com boas perspectivas. “Nem o aumento da inflação, nem com o nível de endividamento, o consumidor consegue frear seus gastos. Em nosso ramo de atuação, já se nota, que agosto iniciou repleto de expectativas, cheio de orçamentos e boas promessas para o restante do ano. Muitas dívidas serão saldadas e o consumo só aumentará”, projeta o empresário.

E não é apenas o empresário que tem boas perspectivas de vendas. A pesquisa da CNC revela que entre a população com renda de até 10 sálarios mínimos o consumo, para os próximos meses, será 38,6% maior do que o de julho de 2010 e de 36,9% maior entre o consumidor com renda mensal superior a R$5,4mil. Dos entrevistados, 86,5% acreditam que este é um bom momento para aquisição de bens duráveis para a sua residência, como eletrodomésticos, televisores e eletroportáteis. Ou seja, o endividamento não tende a inibir o consumo.

Boas compras!


Tipos de Dívida
46,1%: Cartão de crédito
22,9%: Financiamento de carro
17,7%: Carnês
8,6%: Financiamento de casa
Fonte: CNC

Silvia Bocchese de Lima

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