Black Friday digital

 A pandemia de Covid-19 trouxe não apenas transformações inimagináveis e significativas no cenário social e sanitário como também no econômico, político, cultural. Os setores do comércio de bens, serviços e turismo, em todo o mundo, precisaram se adaptar rapidamente e, embora a crise seja generalizada, alguns setores acabaram por se beneficiar e intensificaram a digitalização dos seus processos.

De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) desde o início do isolamento foram abertas, no Brasil, mais de 150 mil lojas virtuais, algo em torno de mil lojas ao dia e mais de seis milhões de brasileiros fizeram as primeiras compras virtuais durante o confinamento. O crescimento registrado nas vendas on-line globalmente, segundo a ABComm, chegou na casa dos 70% e, em condições normais, este número só seria possível de ser alcançado em dez anos. Antes da pandemia, o Brasil registrava a abertura de cerca de 10 mil lojas virtuais ao mês.



Consciência Digital

O Sebrae/PR tem desenvolvido pesquisas desde o início do isolamento para identificar a lógica e o comportamento dos empresários. Em abril deste ano, 59% dos clientes disseram que seus negócios não seriam viáveis no digital e restritos ao presencial. Em maio, a mesma pesquisa revelou que este número caiu para 43% e, em junho, a queda foi ainda mais acentuada, chegando a 23%. “Essa percepção do empresário caiu em um ritmo muito acelerado e ele passou a perceber que o empreendimento dele é possível de ser executado de forma digital. Em julho e em agosto, acredito que teremos uma nova queda nesses indicadores”, revela o coordenador de Mercado e Varejo do Sebrae/PR – Regional Leste, Lucas Hahn.


Black Friday e Semana Brasil

Tradicional nos Estados Unidos e realizada na sexta-feira após o Dia de Ação de Graças (última quinta-feira de novembro), a Black Friday é uma estratégia de marketing adotada pelo varejo que disponibiliza produtos com descontos de até 70%. No Brasil, a prática começou de maneira nebulosa, mas tem ganhado cada vez mais adeptos por parte dos varejistas e dos consumidores. A Pesquisa Conjuntural realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio PR) mostrou que em novembro de 2019, o varejo paranaense havia crescido 2,65% em relação ao mês anterior, com crescimento das lojas de departamento em 33,32%, muito em virtude das vendas da Black Friday.



Lucas Hahn (arquivo pessoal)

Pelo segundo ano consecutivo, o governo brasileiro organiza a Semana Brasil, de 3 a 13 de setembro, e acredita na união de diversos setores econômicos e entidades para levar aos consumidores vantagens reais de compra. Esta ação também deve movimentar as vendas virtuais e físicas.

Com as restrições de mobilidade, os consumidores estão pesquisando cada vez mais pela internet antes de efetuar uma compra, que também tem sido on-line. “A Black Friday que já tem o costume de ter uma grande movimentação on-line, será certamente neste ano muito maior e histórica. Não esperamos uma Black Friday milagrosa, mas que seja um alento para este fim de ano e que o empresário consiga recuperar um percentual de vendas que deixou de ter durante o período de pandemia”, acredita o coordenador do Sebrae/PR.


A hora é agora

Com a percepção do empresário que o empreendimento pode estar e é viável no digital, Hahn destaca que a hora de se preparar para as vendas da Black Friday é urgente. “O empresário não pode esperar novembro chegar para colocar seu empreendimento no digital e precisa trabalhar nisso agora, para que em setembro, outubro, esteja pronto para que a Black Friday possa trazer resultados para estas pequenas empresas e empreendedores”, pontua Hahn. 

Ele salienta que o mundo vive um momento inédito, com o convívio de quatro gerações conectadas de maneiras distintas: os baby boomers – aqueles nascidos após a 2ª Guerra Mundial até meados da década de 1960 , a geração X, nascidos nas décadas de 1960 e 1970, a Y – com nascidos no início dos anos 1980 até meados da década de 1990 , e a Z, com nascimento após o ano 2000. “As duas primeiras gerações não são tão conectadas quando as duas últimas. A geração Z já está inserida no mercado consumidor e se olharmos para daqui cinco ou dez anos, eles e os Ys serão a maioria dos consumidores. Então, as empresas que não estiverem conectadas, desaparecerão”, enfatiza Hahn.

Para que a empresa esteja preparada para as vendas on-line, Hahn afirma que é necessário planejamento estratégico para os próximos anos, estar inserida nas redes sociais, buscar um marketplace ou criar um e-commerce ou um site próprio. “É preciso olhar isso com propriedade e urgência para que a empresa ganhe uma parte desta fatia de mercado. Há espaço para todo mundo, mas é preciso preparo agora. É essencial que o empresário tome consciência disso e faça promoções reais para que o cliente se mostre propenso a fazer esta compra. Ambos ganharão.”, acredita.


Experiências de compra

Hahn cita o exemplo de uma pessoa de 70 anos que fez a primeira compra on-line durante a pandemia e não encontrou dificuldades para concretizar a compra. “Quando este público verifica que é fácil comprar on-line, é muito provável que repetirá esta experiência, mesmo estando em um cenário controlado de Covid-19. As pessoas que migraram para o digital não voltarão 100% para o presencial”, diz Hahn.

Algo imprescindível para a manutenção dos negócios físicos é a complementação da experiência do digital no presencial. “A empresa deve ser encontrada no digital, encantar o cliente ali para que se dirija até a loja física complementar a experiência de compra”, explica.

As mudanças na maneira de comprar e vender mudaram e é importante estar aberto e preparado para as tendências de mercado. A Fecomércio PR, o Senac PR e  o Sebrae/PR disponibilizam cursos e treinamentos para preparar o empresário para a nova jornada. Nada será como antes.



Texto: Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR - nº 137

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