Semeador de Paz e Bem
Somente aos 21 anos, o atual reitor da FAE, Frei Nelson José Hillesheim retomou
os estudos, concluiu três graduações, uma especialização, um MBA e um mestrado.
O franciscano foi terreno fértil e hoje é um apaixonado semeador
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Frei Nelson José Hillesheim |
Se encontrar as condições adequadas, toda semente madura germina e, já adulta, dá frutos e novas sementes. A determinação do crescimento é biológica, a responsabilidade do semeador é colocá-la no solo.
Mesmo tendo 13 filhos e morando no interior de Santa Catarina, em Ituporanga e depois em Witmarsum, o casal Hillesheim preocupou-se em preparar com cuidado o solo sob o qual semearia valores sobre sua família. A semente da fé cristã encontrou terreno fértil no coração do filho Nelson. Desde pequeno, expressava a vontade de ser religioso.
As dificuldades financeiras não permitiram que dois filhos estudassem para o sacerdócio e o primogênito seguiu os estudos em São Paulo. Nelson, ao lado dos demais irmãos, ficou com os pais no interior e cursou até a quarta série.
Embora o estudo formal não estivesse acessível, ele procurou aproveitar as oportunidades que lhe eram ofertadas, fossem elas pela Igreja, pela sociedade ou pelo governo. “Fui muito ativo na minha comunidade. Fiz a Crisma, tornei-me catequista, ministro da eucaristia, coordenei o grupo de jovens de mais de 130 integrantes, fui da diretoria do clube de futebol e do conselho da escola, da igreja. Tive formação de liderança. Participei de um projeto que se chamava 4S: Saber, Sentir, Servir, Saúde! A ideia era manter o jovem no campo com uma formação de qualidade e conhecimentos específicos”, revela.
EDUCAÇÃO
Mas foi aos 21 anos que Nelson mudou o rumo de sua vida. Com a ordenação sacerdotal do irmão, Frei Salésio, o antigo sonho da vida religiosa bateu à porta e ele optou pelo término do namoro, pela saída do campo e pela semente que foi plantada quando ainda era criança: o sacerdócio.
Foi então que retomou os estudos formais e em dois anos concluiu o Ensino Fundamental, em sua cidade natal. “No início da década de 1980 fui para Agudos, em São Paulo, e lá eu fiz o atual Ensino Médio, como todos os jovens. Da turma, eu era um dos mais velhos, tinha 23 anos”.
Frei Nelson passou por diversas cidades: Rodeio, em Santa Catarina; Campo Largo e Rondinha no Paraná, onde viveu a experiência do noviciado e cursou Filosofia. Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, graduou-se em Teologia e, em janeiro de 1991, foi ordenado sacerdote.
A semente da educação germinou e durante quatro anos, em Agudos, foi professor e orientador dos jovens que estavam no seminário. “Percebendo meu perfil educacional, meus superiores solicitaram que eu fizesse outra faculdade, agora com foco em educação, para que pudesse trabalhar nos colégios e nas unidades franciscanas. Optei pela Pedagogia”, conta o frei. Porém, antes de assumir a educação em Blumenau, trabalhou durante três anos como pároco e em uma comunidade rural de Xaxim, também em Santa Catarina. “Lá tive uma das minhas melhores experiências como sacerdote. Pude trabalhar com o povo, com a realidade de uma comunidade sofrida e humilde. Foi um tempo de muito trabalho, de muita celebração, mas com um povo acolhedor e participativo. Foi uma experiência
gratificante”, revela.
Para continuar a sua qualificação profissional, fez especialização em Gestão Empresarial, MBA em Liderança de Alta Gestão e é mestre em Educação.
VIDA FRANCISCANA
A história dos franciscanos no Brasil tem início com a chegada dos portugueses, em 1500 e desde então, nunca mais deixaram o solo brasileiro. O desenvolvimento do país foi marcado pela ordem franciscana, que registrou os primeiros fatos históricos, a elaboração da primeira constituição e do primeiro dicionário Tupi. Foi o trabalho franciscano e o exemplo de São Francisco de Assis que fazem o Frei ter a certeza de que sua opção pela ordem foi a melhor decisão tomada. “Ser franciscano
é uma identificação, uma busca por responder em forma de vida aquilo que é espiritualidade, evangelho e Jesus Cristo. Ser franciscano é ser livre para servir, ser instrumento nas mãos de Deus e para semear, como São Francisco dizia tão bem, a Paz e o Bem”, diz.
MISSÃO DE APRENDER E ENSINAR
Integrante da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, que engloba 30 colégios diretos,
mais de 10 indiretos, três faculdades e uma universidade, Frei Nelson é reitor da FAE, em Curitiba e, ao lado de outros cinco frades, ajuda a coordenar todo o setor de educação. São mais de 55 mil alunos diretos e, com as parcerias em colégios, este número ultrapassa os 100 mil.
Quando o assunto é parceria, o Frei destaca a firmada desde 2009 entre o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e o Grupo Educacional Bom Jesus, resultando na criação do Colégio Sesc São José.
Desde então, a ação tem possibilitado o acesso gratuito à educação de qualidade no Ensino Médio, para filhos de comerciários e estudantes oriundos de escolas públicas, com renda familiar de até três salários mínimos. “A missão das duas instituições é com a educação. Vimos nesta parceria que ambos temos paixão pela educação. O trabalho que temos feito juntos certamente faz a diferença na vida e na família desses alunos. Creio que estamos investindo no desenvolvimento e na transformação social. Pessoas com conhecimento são pessoas transformadoras”, pontua.
Trabalhar com a educação diferenciada é para Frei Nelson essencial para a formação humana. “É necessário trabalharmos com educação de qualidade, mas também levarmos valores e virtudes a estes alunos. O mundo está carente disso e reconhece os profissionais que apresentam estes diferenciais”, revela o Frei, destacando que em todo o plantio, não pode faltar a semente do amor. “Se não houver o amor, como o apóstolo Paulo falou, nada tem valor. Acima de tudo, o amor verdadeiro e despretensioso, aquele que você não exige nada em troca”, conclui.
Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Bruno Tadashi
O Título já diz tudo!!! Belíssima trajetória!! Pessoa realmente do bem e cativante!! Que Deus continue sempre te abençoando! Abç
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