Contêineres de bons negócios
Empresário Dilso Santo Rossi encontra boas ideias nas lâmpadas chinesas
Com a plenitude democrática, o Brasil do início da década de 1990 vivia a abertura econômica ao comércio internacional. A concorrência interna aumentou, houve crescimento no número de produtos importados no país e outro importante passo dado foi a conquista do mercado internacional.
Empresário Dilso Rossi |
Neste cenário de novas oportunidades, e inflação ainda descontrolada, o empresário Dilso Santo Rossi, então comandante de uma rede de revendas de autopeças, formada por 18 lojas, localizadas no Paraná e Santa Catarina, resolveu dar uma guinada em seus negócios.
O presidente da época, Fernando Collor de Mello, havia declarado que os carros brasileiros eram ultrapassados e chegou a classificá-los como “verdadeiras carroças”. Com a abertura dos portos e vislumbrando a chegada de inúmeras marcas de veículos, Rossi preocupou-se em como fornecer e estocar peças para a variedade de automóveis que aportariam em terras brasileiras.
Bons negócios vindos da China
A inquietude do empresário o levou à China, com o intuito de importar lâmpadas automotivas, mas os preços convidativos praticados por lá o fizeram explorar também o mercado de lâmpadas incandescentes. “Fui um dos primeiros empresários brasileiros a comercializar com os chineses e acreditei que importar as lâmpadas incandescentes era um bom negócio. Enquanto aqui no Brasil o custo de uma lâmpada correspondia a U$ 1, lá, não passava de U$ 0,05. Não tinha como este negócio dar errado”, lembra o empresário.
Dois anos depois de iniciar a importação de lâmpadas, Rossi desativou por completo sua rede de lojas de autopeças que começou em Francisco Beltrão e, em 1993, criou a Empalux, com sede em Curitiba.
Os negócios com os chineses nem sempre foram fáceis, por diversos motivos: a dificuldade de comunicação; o Capitalismo de Estado, que centraliza as decisões chinesas; a qualidade dos produtos e a inexperiência naquele tipo de negociação. Para mudar essa realidade, hoje a empresa mantém laboratórios de pesquisa na Ásia e no Brasil. O intuito é oferecer produtos certificados, seguindo rigorosas normas nacionais e internacionais de eficiência energética e de qualidade.
Apagão energético
O dia em que o Brasil ficou às escuras, 1º de julho de 2001, foi o início da consolidação da marca Empalux no mercado nacional. Neste dia, o país viveu um apagão energético, que afetou o fornecimento e a distribuição de energia elétrica em todo o Brasil. A falta de chuvas e de planejamento no setor obrigou o governo a cortar o consumo de eletricidade em quase 20%.
Era o ano em que a empresa começava a importar as lâmpadas compactas que consomem 80% a menos de energia. O governo federal incentivou o uso desse produto, mas a demanda interna foi maior do que a oferta. “Não havia lâmpadas suficientes no mercado nacional e como todas as lâmpadas compactas são importadas, resolvemos arriscar. Também não havia como esperarmos um carregamento de navio, então compramos lâmpadas suficientes para encher quatro aviões jumbo”, revela o empreendedor. Apesar do frete corresponder ao preço da carga, a estratégia foi vantajosa para a empresa, que atendeu a demanda e ganhou mercado.
Quando importar é um bom negócio
Com um portfolio de 1.050 produtos de diferentes famílias de lâmpadas, a Empalux figura entre as três principais empresas de desenvolvimento e distribuição de produtos de iluminação no Brasil, com 12% do mercado.
Rossi acredita que a importação é um excelente negócio, mas não é uma atividade que deva ser feita por aventureiros e amadores. “A importação é o nosso negócio. A nossa especialidade é a importação e a distribuição de produtos no mercado nacional. É preciso estar focado, ter planejamento e profissionais capacitados”, revela.
O empresário conta que a estrutura nacional para um importador ainda é deficitária, e enfatiza a dificuldade de enfrentar a tributação brasileira. O transit time China-Brasil, ou seja, o tempo de um produto ser entregue ao transportador chinês até chegar ao destino brasileiro é de 37 a 38 dias, mas quando chega ao porto, o produto enfrenta entraves, podendo aguardar liberações por até outros 30 dias. “Alguns dos nossos produtos não foram entregues no Brasil. A transportadora os deixou em Montevidéu, pois o navio não conseguiu atracar e zarpou. Precisamos aguardar outro navio da mesma companhia passar pelo Uruguai para recebermos o produto. E precisamos de planejamento para cumprirmos prazos. Em novembro fizemos os pedidos dos produtos que entregaremos em março de 2014”, desabafa.
Momento de transição
Preparar a sucessão da empresa é uma das preocupações de Rossi, que é presidente da Empal Participações — uma holding que engloba quatro empresas — e este momento é encarado com segurança por ele. “Em 2007, tentamos erroneamente fazermos a transição da empresa. Reassumi o controle e, em 2010 iniciamos um novo processo, que se estenderá até 2015, mais lento, com planejamento, acompanhamento de empresas especializadas e com consultores em todas as áreas. Os erros do passado nos ensinaram”, avalia o presidente Rossi.
Ao lado dos filhos, que são diretores das áreas comercial, administrativa e de negócios internacionais da empresa, Rossi comanda 197 colaboradores diretos e 130 representantes externos. Com um grupo de quinze pessoas de todas as áreas da empresa, o presidente tem encontros semanais. “Durante duas horas, conversamos, ouço meus colaboradores, quero saber as suas opiniões e sempre ressalto a necessidade de constante evolução para atender ao mercado”, revela.
E a visão do empresário não se limitou às lâmpadas. A holding congrega a Empalux; a Slim, uma importadora e distribuidora de materiais escolares e para escritório; a Fazenda Remanso, localizada no Mato Grosso, que conta com 300 mil pés de seringueira que anualmente produzirão, em média, de 8 a 10kg de látex por árvore; e a Cargo Logística, que faz o transporte internacional de produtos próprios e de terceiros e responsável pelos embarques.
Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Ivo José de Lima
Revista Fecomércio PR - nº 97
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