CULTURA
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Paço da Liberdade: um Presente ao Paraná
“Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
(...)
Quero que a estrofe cristalina,
(...)
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito.”
(Profissão de Fé – Olavo Bilac)
(Profissão de Fé – Olavo Bilac)
Ao relatar o cuidado de um escritor com a língua, Olavo Bilac demonstra sua paixão por escrever, a preocupação com a métrica e rima e também o trabalho minucioso de um joalheiro em sua obra. Entretanto, a matéria prima em destaque, agora, não são palavras, nem versos e, tão pouco, metais, embora a dedicação e cuidado com os detalhes sejam os mesmos. Trata-se do trabalho de mais de 50 restauradores, que como o dedicado ourives, cuidaram, cada um nas suas especialidades, de um dos mais importantes prédios de Curitiba, o Paço da Liberdade, uma obra de riqueza ímpar e com variedade de estilos.
O trabalho de restauro foi resultado de uma parceria do Sistema Fecomércio Sesc Senac do Paraná e da Prefeitura de Curitiba. Coube ao poder público ceder o espaço e ao Sistema, as obras de revitalização do prédio que já abrigou o gabinete de 42 prefeitos e foi sede do Museu Paranaense. O imóvel estava desocupado desde 2002 e foi preciso mais de um ano e meio de obras para que no aniversário da capital paranaense, na comemoração dos seus 316 anos, todo o Estado recebesse de presente, um novo espaço para a cultura e para as artes.
No local, funcionará a Unidade Paço da Liberdade Sesc Paraná, um centro cultural inovador, que vai possibilitar a reflexão e o debate de artistas, o desenvolvimento de talentos e divulgação de trabalhos. “No Paço, o processo de fomento da produção artística estará intimamente ligado à formação contínua, através de cursos de curta e longa duração, oficinas pedagógicas, debates e workshops com artistas renomados”, informa o diretor regional do Sesc Paraná, Paulo Cruz.
A parceria com a Prefeitura não foi apenas nas obras de revitalização. O prefeito de Curitiba, Beto Richa, salienta que o Sesc passa a ser responsável pelo projeto curatorial e pelas ações culturais e programações artísticas. Já a Prefeitura, através da Fundação Cultural, apoiará e dará suporte na promoção das ações que serão desenvolvidas na unidade. “A iniciativa da Fecomércio é ímpar. A instituição está fazendo um trabalho exemplar e o poder público está realizando a sua parte, transformando a região do Paço em um local mais aprazível, atraente e seguro para as famílias e para os visitantes da cidade”, avalia o prefeito.
Entorno
Além da preocupação de manutenção de um imóvel histórico para Curitiba, viu-se a necessidade de recuperação, também, do seu entorno. Novos parceiros aderiram ao projeto, e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PR), concluiu o diagnóstico no entorno do Paço da Liberdade, realizando um censo empresarial, através da entrevista com empresários e consumidores, avaliando o nível dos empreendimentos localizados na região. “Chamamos empresas, instituições para que juntos pudéssemos analisar o diagnóstico e construirmos um plano de ações conjuntas. Não podemos trabalhar de forma desconectada. Precisamos direcionar as ações e os recursos para atendermos a necessidade de melhoria do entorno do Paço da Liberdade”, avalia a gestora Projeto Varejo do Sebrae-PR, Walderes de Lourdes Bello.
Entorno
Além da preocupação de manutenção de um imóvel histórico para Curitiba, viu-se a necessidade de recuperação, também, do seu entorno. Novos parceiros aderiram ao projeto, e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PR), concluiu o diagnóstico no entorno do Paço da Liberdade, realizando um censo empresarial, através da entrevista com empresários e consumidores, avaliando o nível dos empreendimentos localizados na região. “Chamamos empresas, instituições para que juntos pudéssemos analisar o diagnóstico e construirmos um plano de ações conjuntas. Não podemos trabalhar de forma desconectada. Precisamos direcionar as ações e os recursos para atendermos a necessidade de melhoria do entorno do Paço da Liberdade”, avalia a gestora Projeto Varejo do Sebrae-PR, Walderes de Lourdes Bello.
A gestora salientou que o relatório mostrou oportunidades para novos empreendimentos na região. Embora a pesquisa tenha revelado que 49% dos visitantes consomem algum produto na região e que a maioria busca por alimentos e bebidas, o consumidor foi enfático ao afirmar que seriam importantes outras opções de lanchonetes, restaurantes e, também, o comércio de artesanato.
Para Beto Richa, o objetivo dessas ações é estimular a ocupação do Centro de Curitiba. “Queremos que as pessoas voltem a morar e consumir na região central”, diz o prefeito e compromete-se com a revitalização das ruas Riachuelo e São Francisco, Praça 19 de dezembro, Passeio Público e com a região do Terminal Guadalupe. “Estamos trabalhando em um plano global para o centro expandido e nossa ideia é consolidar uma parceria com a sociedade para que isto se concretize. A cooperação da Fecomércio nos mostrou isso: com a participação de todos, conseguimos transformar a cidade”, avalia Beto Richa.
De acordo com arquiteto Abrão Assad, responsável pelos Projetos Arquitetônico de Reciclagem e de Arquitetura de Interiores da edificação, a plena reabilitação do local propiciará, também, a revitalização do seu entorno. “Sua privilegiada localização, no coração da cidade, aliada a uma programação adequada, transformará este local na “sala de visitas” de Curitiba”, acredita Assad.
Arquitetura
A riqueza dos detalhes encontrados em cada ambiente do Paço da Liberdade foi resultado do trabalho e talento dos antigos artesãos europeus que moravam na cidade no início do século passado. O arquiteto revela que os imigrantes alemães e poloneses destacaram-se na marcenaria presente na obra e que os trabalhos com pedras, cantarias, são próprios da cultura italiana. Ele explica que a construção é neoclássica, formada por uma junção de estilos. Humberto Fogassa, arquiteto responsável pela obra, a classifica como “eclética”, detendo detalhes em estilo art-nouveau.
Para Assad, este edifício é um dos mais importantes de Curitiba, sendo único prédio curitibano com tombamento nas três instâncias: municipal, estadual e federal e enfatiza que a ação do Sesc-PR em restaurá-lo é digna de louvor.
As escavações na obra revelaram o piso do antigo Mercado Municipal de Curitiba e para resgatar a história Curitibana, Fossaga informa que foram construídas quatro vitrines para que o público possa visualizar este bem arqueológico.
Ambientes
Segundo o Assad, o aspecto mais delicado na reutilização dos espaços já existentes foi conciliar esses ambientes com a inclusão de equipamentos funcionais, que proporcionassem conforto e acessibilidade. Em seu projeto, fez um detalhamento do mobiliário, iluminação cênica e funcional, além do tratamento paisagístico. “Desenvolver um projeto de reciclagem em arquitetura é desafiador e este grau de responsabilidade se acentua quando a edificação é tombada. Nesta equação, os componentes novos e originais, o antigo e o moderno, apresentam-se com clareza e em perfeita harmonia”, informa Assad.
Ambientes
Segundo o Assad, o aspecto mais delicado na reutilização dos espaços já existentes foi conciliar esses ambientes com a inclusão de equipamentos funcionais, que proporcionassem conforto e acessibilidade. Em seu projeto, fez um detalhamento do mobiliário, iluminação cênica e funcional, além do tratamento paisagístico. “Desenvolver um projeto de reciclagem em arquitetura é desafiador e este grau de responsabilidade se acentua quando a edificação é tombada. Nesta equação, os componentes novos e originais, o antigo e o moderno, apresentam-se com clareza e em perfeita harmonia”, informa Assad.
Nos quatro pavimentos do prédio, serão desenvolvidas atividades interdependentes, com eixos teórico e prático. Cruz revela que no espaço térreo, denominado de “Interação”, será composto de recepção, biblioteca, sala de leitura, livraria, café cultural e musical, além de uma plataforma digital de Internet para consultas e pesquisas de trabalho.
A palavra chave do segundo pavimento é Trabalho e é composto por salão de exibição áudio visual, palestras e debates de filmes culturais, temáticos, educativos e minicinema, salas de aulas multiuso e laboratórios de produção eletrônica. No terceiro andar, em homenagem ao prefeito responsável pela edificação do prédio, há a “Sala Cândido Abreu”, onde seu gabinete foi reconstruído e de acordo com Assad, “representa a estima e a gratidão da comunidade curitibana, que sabe guardar e valorizar sua memória”. Fogassa também informa que os móveis formam um conjunto harmonioso por serem em estilo manuelino. “Este era o estilo em voga naquela época e, agora, podemos reagrupá-los no mesmo espaço original”, diz Fogassa. Além deste ambiente, haverá salas de debates, interação, conferência e apresentações culturais, camarim e estúdio de gravação.
Como o objetivo do Paço da Liberdade é o resgate, desenvolvimento e difusão da arte em todas as suas expressões, o quarto pavimento é denominado de Expressão – um amplo salão para abrigar exposições artísticas e culturais. “Esta unidade do Sesc já nasceu distinta das demais, trata-se de um ponto turístico de grande visibilidade. O Sistema Fecomércio Sesc Senac está proporcionando aos empresários do comércio de bens, serviços e turismo, a oportunidade de presentear a cidade de Curitiba, no seu aniversário, com um espaço cultural que resgatará e difundirá a cultura e a história do Paraná”, conclui o diretor regional.
Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR - Edição nº70
Março e Abril/2009
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