CINEMA


Barão do Serro Azul: herói ou traidor?


“Um dia, há de haver quem se incumba de dar à América,
para escarmento desta geração, uma pintura fiel e
minuciosa desses incríveis sucessos, que encheram
de mágoa e de santa revolta até a alma dos mais indiferentes,
que fizeram esquecer de todos os males,
os insignificantes males da revolução!”
(Trecho da carta da Baronesa do Serro Azul,
escrita em 08 de julho de 1895, ao Barão de Ladário)

Tornar a história do Paraná conhecida dos Paranaenses. Este é objetivo da parceria firmada entre o Sistema Fecomércio Sesc e Senac, a Associação Comercial do Paraná e a Junta Comercial do Paraná, que custeou a produção de cinco mil cópias em DVD, do filme “O Preço da Paz”(2003), que serão distribuídas em escolas, bibliotecas e universidades.

O filme, produzido por Maurício Appel, com roteiro de Walter Negrão e direção de Paulo Morelli, conta a história do Barão do Serro Azul e sua atuação no conflito que envolveu Curitiba e seus habitantes durante a Revolução Federalista.

O elenco do filme é formado por artistas de renome no cenário nacional e internacional. Herson Capri no papel de Barão do Serro Azul; Giulia Gam, a Baronesa; Lima Duarte, como Gumercindo Saraiva, líder dos maragatos, que lutavam pela revolução. A produção conta ainda com a participação de Camila Pitanga, José de Abreu e Danton Mello.

Considerado pelos comerciantes de Curitiba com herói e pelo governo brasileiro como traidor da pátria, o Barão jamais chegou a ser julgado. Se isso tivesse ocorrido, há 114 anos, qual seria o resultado? Herói ou traidor?

Julgamento
A sessão de julgamento está aberta! No banco dos réus, Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, será julgado sobre os atos cometidos em terras paranaenses, em 1894, durante a Revolta Federalista.

A acusação salienta que o réu foi um traidor da pátria, ao patrocinar os revoltosos do Rio Grande do Sul, com dinheiro arrecadado junto aos comerciantes, concedendo um empréstimo de guerra e agindo contrário ao governo do Marechal Floriano Peixoto.

Este seria o provável início do julgamento a que seria submetido o Barão do Serro Azul, no Rio de Janeiro. Segundo relatos históricos, antes de chegar à então capital brasileira , o barão foi morto a tiros, no km 65 da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, por ordem do general Ewerton Quadros.

Libelo de Defesa
O filme “O Preço da Paz”, é um libelo de defesa, ou seja, uma apresentação dos fatos que ocorreram em Curitiba, durante a revolta. Appel revela que o filme foi baseado no livro “A última viagem do Barão do Serro Azul”, de Túlio Vargas e lançado no setor comercial, em 2003.

Appel revela que o a produção já foi premiada com três Kikitos, no Festival de Gramado, em 2003 e também recebeu o Troféu Barroco, na Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2004.

O produtor defende que o Barão do Serro Azul foi um empreendedor. Possuía um engenho de erva-mate e como comerciante, tornou-se o maior exportador paranaense deste produto e de pinho para os países platinos. Ildefonso Pereira Correia também contribuiu a consolidação de Curitiba e sua modernização, instalando na capital, o telégrafo, uma indústria gráfica. Appel lembra que o barão foi condecorado diversas vezes, ainda em vida, e durante a visita do imperador Dom Pedro II, o casal do Serro Azul causou simpatia ao monarca. Mesmo após a morte do Barão, Appel defende que ele continua a empreender. “Com a produção deste filme, acredito que o Barão do Serro Azul, traz ao Paraná mais uma indústria, a cinematográfica”, enfatiza.

Testemunhas
De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac, Darci Piana, o filme proporciona ao paranaense um encontro com sua própria história. “Muitos curitibanos, paranaenses e o Brasil desconhecem quem foi o Barão do Serro Azul e o que ele representou para a construção do nosso Estado e da nossa capital”, acentua. Ele revela que o Sistema Fecomércio usará as estruturas do Sesc e o Senac para disseminar ainda mais essa história, levando para salas de aula e para as ações que são desenvolvidas nas unidades espalhadas pelo interior do Estado.

O diretor regional do Sesc, Paulo Cruz, acrescenta que a instituição contribuirá para que a obra cinematográfica seja trabalhada em seus aspectos culturais, de linguagem e mesmo da história do Paraná. “Queremos proporcionar aos estudantes e ao cidadão paranaense, o conhecimento de suas raízes”, diz o diretor. Com a divulgação do filme pela RPC e pelos parceiros, Cruz acredita que será despertado no espectador o desejo de conhecer, ainda mais, a história do Estado.


Para Appel, o filme vem ao encontro do que a Baronesa do Serro Azul escreveu ao Barão de Ladário, um ano e meio após a morte do seu esposo, quando enfatizou que haveria um dia em que os verdadeiros acontecimentos sobre a Revolução Federalista viriam à tona. “Um dia, há de haver quem se incumba de dar à América, para escarmento (segundo dicionário Houaiss, escarmento é uma advertência pelo prejuízo e pela punição recebida) desta geração, uma pintura fiel e minuciosa desses incríveis sucessos, que encheram de mágoa e de santa revolta até a alma dos mais indiferentes, que fizeram esquecer de todos os males, os insignificantes males da revolução”, diz a carta.

Veredicto
Com a assinatura do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionando a Lei nº 11.863, em dezembro de 2008, o Barão de Serro Azul é declarado inocente. Seu nome passa a fazer parte do Livro de Aço dos Heróis da Pátria, depositado no Salão Principal do Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.


Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR - Edição nº 70
Março e Abril/2009


Comentários

  1. É pena que nomes de invejosos, covardes e traidores como Vicente Machado ainda venham preencher as entranhas de nossa cidade.
    Vicente Machado foi o mandante, pois tinha inveja do Barão, é só rever a história e constatar suas poses politicas pós fato.

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