Henrique Meirelles fala da retomada

Ministro da Fazenda, em encontro empresarial, destacou medidas ainda controversas
visando ao crescimento da economia


Em meio aos anúncios de propostas econômicas e medidas para reforma da Previdência Social e após
a aprovação da PEC 55, que limita os gastos do governo federal pelos próximos 20 anos, o Ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles esteve em Curitiba para um encontro empresarial promovido pelo Fórum Permanente Futuro 10 Paraná e Universidade Positivo, em dezembro. 
O Ministro da Fazenda e ex-presidente do
Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles
O ministro foi saudado pelo presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR,  Darci Piana, que falou em nome do Fórum Permanente Futuro 10 Paraná, sobre as expectativas do setor produtivo paranaense para com o próximo ano. “Temos grande curiosidade em saber o que o governo federal planeja, para que possamos informar nossos respectivos segmentos, e talvez, desta forma, fazer com que não só os índices cresçam, mas também a produção e as vendas do comércio”, salienta Piana.
Meirelles apresentou números e cenários que explicam o que avalia como a “maior recessão desde que o Produto Interno Bruto (PIB) começou a ser medido, em 1901”. Para o ele, o atual momento econômico é ainda mais conturbado do que a “Grande Depressão”, que abalou a economia mundial em 1929 e 1930. Para Meirelles, a Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, assegura que as despesas públicas federais cresçam, muitas vezes, acima do PIB. “A crise que vivemos foi construída por muitas razões e uma delas foi uma evolução das despesas públicas federais do Brasil e, em muitos estados. Ao compararmos essas despesas com o PIB vamos ver que elas representavam, em 1991, 10,5% do PIB e hoje, chegam a 19%”, revela o ministro.
A crise de confiança dos agentes econômicos e de investidores no Brasil, segundo Meirelles, promoveu insegurança sobre a sustentabilidade do sistema. “Esta é a principal razão pela qual tivemos recessão, interferência nos sistemas de preços, inflação em alta, intervencionismo em muitas áreas. Tudo isso fez com que a economia entrasse, de fato, em contração e em um círculo vicioso.
Na medida em que a confiança cai, temos queda dos investimentos, aumento do desemprego, diminuição do consumo e das vendas”, argumenta. 

PEC 55
Meirelles considera a aprovação da emenda constitucional que estabelece um teto para o crescimento das despesas públicas, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente da República, como essencial para a retomada do crescimento da economia. “Com este teto, as despesas públicas com percentagem do PIB começam a cair. A expectativa, segundo as nossas projeções, é que hoje cheguem em 19,5% do PIB e, em dez anos, caiam para cerca de 15,5%”. Uma queda substancial, na
avaliação do ministro.
Pela PEC, o piso para investimentos em saúde e em educação subirão de acordo com a inflação do ano anterior. “Isso é consistente e levará ao equilíbrio do sistema. É a primeira vez, em que de fato olhamos para as despesas públicas do Brasil prevendo a longo prazo. Isso é inédito”, acredita Meirelles.

Previdência Social
Para o ministro, o Sistema Previdenciário Social Brasileiro, nos moldes em que se encontra, é insustentável.
Ele aponta fatores como a demografia – que determina entre outros indicadores, a natalidade, produção, aspectos econômicos –, aliada ao aumento da expectativa de vida da população brasileira, como responsáveis pelo acréscimo das despesas e pelo rombo na Previdência.

Previsões
O cenário previsto para 2017, segundo o ministro é de retomada do crescimento da economia. “Se medirmos o último trimestre de 2017 previsto com o último trimestre de 2016, teremos crescimento de mais de 2%. Isto é uma trajetória altamente respeitável para uma saída de crise como esta. Precisaremos de tempo para que as companhias se reestruturem, efetuem o pagamento de dívidas e faça acordos com bancos”, crê. O ministro pontua, ainda, que o nível de endividamento das famílias brasileiras, em média, estava acima de 46% da renda e, hoje, encontra-se em 42%. 
Paralelo a isso, o ministro acredita na sinalização do Banco Central para uma possível redução das taxas de juros, baseado na inflação, como sendo um importante indicador de retomada da economia. “O mercado espera que haja de fato a queda gradual da taxa de juros. Outro fato muito importante é o Risco Brasil que já caiu mais de 200 pontos. É este risco que define a taxa estrutural dos juros a longo prazo no Brasil. Voltaremos a crescer!”, finaliza. 

Fórum Permanente Futuro 10 Paraná
Compõem o Fórum Permanente Futuro 10 Paraná: Associação Comercial do Paraná (ACP); Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp); Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea/PR); Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap); Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep); Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR); Federação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Fecoopar); Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar); Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep); Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM); Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP); Instituto de Engenharia do Paraná (IEP); Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD); Movimento Pró-Paraná; Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Paraná (OAB/PR); Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).


Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Bruno Tadashi

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