A energia que vem do sol



Com o consumo crescente de energia elétrica, a busca por alternativas neste setor é essencial para o desenvolvimento de uma nação. Em um país tropical como o Brasil, há uma oportunidade, ainda quase inexplorada, em transformar a radiação solar em energia elétrica

  Foi-se o tempo em que os eletrodomésticos que ocupavam a cozinha eram apenas a geladeira, o liquidificador e a batedeira. A sala de estar não é apenas lugar do aparelho de televisão há muito tempo e a disputa por tomadas nos lares do brasileiro tem-se tornado frequente. Com tantos aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos à disposição, a curva de consumo de energia elétrica, registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos vinte anos é ascendente, acompanhada em paralelo a do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Com o consumo de energia elétrica cada vez maior é necessário aumentar a eficiência das matrizes energéticas limpas e o uso de fontes renováveis. No Brasil, a geração de energia com origem hidráulica corresponde a, aproximadamente, 71% do total. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até 2020, existe a previsão de investimentos em energia elétrica na ordem de R$ 100 bilhões e, 55% deste total, serão destinados às usinas hidrelétricas. Com isso, espera-se que a produção de energia passe de 82,9 mil MW para 115,1 mil MW.
Embora o Brasil seja o segundo maior produtor de energia proveniente de usinas hidrelétricas, responda por 11,5% da produção mundial e esta seja considerada limpa, a instalação de uma usina implica na inundação grandes áreas de terra, provocando impactos sociais e ambientais.

Energia Solar
Os maiores níveis de irradiação solar global são registrados no norte da Bahia e os menores são no litoral norte de Santa Catarina.
Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, os valores de irradiação solar global que incidem em qualquer região do território brasileiro variam de 4.200 a 6.700 Wh/m2, bem superiores aos da maioria dos países da União Europeia. “A Alemanha, por exemplo, que utiliza muito a energia solar, estes números ficam entre 900 a 1.250 Wh/m2”, salienta o engenheiro eletricista da Copel, Zeno Nadal. No Brasil o uso mais comum e acessível economicamente da energia solar é muitas vezes limitado ao aquecimento de água, em residências.

Fotovoltaica
Outra possibilidade de uso da radiação solar é a sua transformação em energia elétrica, com a instalação de painéis solares fotovoltaicos. No Paraná, esta energia já é utilizada em sistemas isolados, nas comunidades das ilhas de Superagüi, das Peças e do Mel, onde a energia é captada, armazenada, convertida e então alimenta as cargas dos consumidores.
Mas a novidade é a possibilidade do consumidor de energia instalar as placas fotovoltaicas no telhado da residência, utilizar a energia produzida e exportar a excedente à Copel e obter créditos na conta de energia. No Paraná, cerca de 12 microgeradores fotovoltaicos já estão em  funcionamento, injetando energia diretamente na rede de distribuição da concessionária.
Nadal informa que a maioria dos painéis fotovoltaicos disponíveis no mercado tem vida útil de 25 anos, são placas de polímeros, extremamente resistentes, e todas as conexões são preparadas para suportar as mais diversas situações e ambientes. “Para gerar energia não é preciso ter sol, é preciso ter luz, uma vez que a irradiação solar atravessa as nuvens. A instalação das placas é feita mediante estudos para aproveitamento das áreas, inclinação para melhor captação, dependendo da estação do ano e de acordo com o deslocamento solar”, destaca Nadal.
Eletroposto
Em uma residência cujo consumo médio mensal de energia seja de 300kW, e investimentos na ordem de R$13.000 para a instalação das placas é possível ter retorno financeiro em até dez anos.
A energia solar também poderá ser utilizada em eletropostos, como os já instalados em Curitiba e que abastecem a frota de veículos elétricos da prefeitura. Apesar dos veículos ainda serem mais caros que os habituais, alguns modelos equipados com um carregador rápido precisam de apenas duas horas para uma carga completa, com uma autonomia de até 210 km e um custo de recarga de apenas R$ 8 (considerando a tarifa Copel de R$ 0,49078/kWh).


Consumo final de energia e PIB
Ano      Consumo final de energia     PIB
1995    147.698.000 tep*       R$ 705.641.000.000,00
2000    171.949.000tep          R$ 779.483.000.000,00
2005    195.909.000 tep         R$ 894.237.000.000,00
2012    253.422.000 tep         R$ 2.003.500.000.000,00
*tep: tonelada equivalente de petróleo, uma medida de energia (1 tep= 41,87 GJ).
Fonte: IBGE


Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Ivo Lima

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