Menos otimistas e mais preocupados
A expectativa de vendas do empresário paranaense nunca foi tão baixa em dez anos. Com otimismo em queda, pesquisa mostra os problemas de sempre: carga tributária e encargos sociais elevados, falta de incentivos governamentais e um empresário preocupado com a crise que tem afetado, principalmente, a Europa
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Esta queda foi registrada na última Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, referente ao segundo semestre de 2012, realizada pela Federação do Comércio do Paraná. Há uma década a entidade estuda a opinião dos empresários semestralmente e pela primeira vez, apenas 58,27% dos empresários mostraram-se otimistas com relação às vendas para os últimos seis meses de 2012. Há um ano, os números apontavam que 71% dos empresários eram otimistas quanto ao semestre vindouro.
Para o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana, embora a maioria ainda seja favorável, verifica-se a preocupação do empresário do Paraná e de todos os segmentos com os rumos da economia. “A crise internacional, principalmente a europeia, tem preocupado este empresário, a falta de crescimento dos Estados Unidos – o grande motor da economia mundial, e a China que reduz o seu crescimento preocupam. Estes fatores reduzem a importação de commodities agrícolas e minérios brasileiros e causam preocupação do empresário”, pontua Piana.
O estudo mostra que a carga tributária e os encargos sociais elevados ainda são as principais dificuldades encontradas pelos empresários do comércio, além de insuficiência de mão de obra qualificada, ausência de incentivos governamentais para regiões específicas e carência de recursos próprios para capital de giro.
A falta de segurança, indicada por 4,44% dos empresários, em 2009, como dificuldades da empresa, chegou a 17,32%, no estudo deste semestre e a inadimplência, que há seis meses preocupava 16% dos empresários, chega a 31%. “A inadimplência é o nosso problema interno. Ela cresce e os financiamentos começam a ser preocupantes. De cada dez pedidos de empréstimos encaminhados pelas concessionárias, apenas três conseguem liberação de crédito. A inadimplência cresce na medida em que começam a vencer as prestações desses financiamentos anteriores”, pontua Piana.
Políticas
Compensatórias
Os dados da pesquisa devem ser
encarados como uma referência, afinal a queda do otimismo indica alguns
cuidados que devem ser tomados pelo sistema produtivo como um todo,
principalmente o comércio. “Com base nestes dados, o empresário toma uma série
de cuidados como por exemplo o estoque, preços de vendas, até o cumprimento de
suas metas. O empresário passa a se preocupar mais em ampliar sua base de
clientes”, enfatiza o assessor econômico da Fecomércio PR, Vamberto Santana.
Os números também mostram uma redução na velocidade das vendas. No primeiro trimestre do ano, o crescimento médio ficou em torno de 7%, no segundo trimestre, 4% e a perspectiva para o terceiro trimestre será de menos vendas e menor crescimento, se o governo federal não tomar medidas preventivas. “Políticas compensatórias e preventivas devem ser aplicadas pelo governo federal para que não só o comércio, mas também a indústria, possam superar uma fase em que as vendas estejam em um percentual menor”, destaca o assessor.
Para o segundo semestre do ano, principalmente no último trimestre, com a entrada do 13º salário há uma tendência de se obter um percentual maior de vendas. “Normalmente, o governo tem adotado políticas de correção, isso aconteceu com a redução do IPI, para que haja a manutenção de empregos e vendas, e um desempenho melhor da estrutura produtiva brasileira”, acredita Santana.
Nem tudo
está perdido
O governo brasileiro vem praticando,
desde o fim de março, políticas expansivas buscando aquecer a economia, e entre
as medidas estão a queda nos juros, redução no spread bancário,
ampliação de linhas de financiamento para consumidores e setores produtivos,
redução tributária sobre automotivos, linha branca, móveis e produtos da
construção civil. Estas ações são responsáveis pelo otimismo, ainda que tímido,
do empresário paranaense se comparado a períodos anteriores.
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Com o aumento do comércio eletrônico, o estudo revela a redução do uso de call center para venda, passando de 24% no início deste ano, para 14,96% na última pesquisa. A satisfação do cliente é onde 59,84% dos empresários despendem maior esforço, seguido do desenvolvimento de funcionários, com 48,03%.
“O sistema financeiro brasileiro estruturado tem sido importante para garantir a estabilidade da economia interna, muito mais que nos Estados Unidos e em países da Europa. A capacidade de iniciativa do empresário do varejo do Paraná será essencial para superar as limitações da economia, contando a vigência das políticas econômicas de aquecimento estabelecidas pelo setor público”, avalia o presidente.
Alterações verificadas em relação às pesquisas anteriores
Falta de
segurança
4,44% 2º sem. de 2009
4,44% 2º sem. de 2009
17,3% 2º sem. de 2012
Carência de mão
de obra qualificada
33,51% 2º sem. de 2010
33,51% 2º sem. de 2010
51,20% 2º sem. de 2012
Comercio
eletrônico (e-commerce)
29% 1º sem. de 2012
34% 2º sem. de 2012
29% 1º sem. de 2012
34% 2º sem. de 2012
Inadimplência
16% 1º sem. de 2012
16% 1º sem. de 2012
31% 2º sem. de 2012
Fonte: Fecomércio PR
Texto: Silvia Bocchese de Lima
Revista Fecomércio PR nº 89
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