Quando o esquecer já não é saudável
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A população brasileira tem vivido cada vez mais, mas uma doença pode colocar em risco a qualidade de vida dos idosos: o Alzheimer
Na idade adulta, a partir dos 60 anos, lapsos de memória podem fazer parte do cotidiano, o corpo e o cérebro já não dispõem de agilidades física e mental como de um jovem. Este esquecimento tende a aumentar com o passar dos anos, mas há uma grande diferença entre o esquecimento normal e o patológico. O médico Neurologista e Geriatra, Luiz Carlos Benthien, salienta que no esquecimento normal, o indivíduo preocupa-se com a falta de memória e até mesmo faz autocrítica a respeito do fato. Já, quando o esquecimento é patológico, o mesmo não percebe e não questiona a falta de memória, e esse comportamento passa a preocupar familiares em virtude das mudanças de comportamento. “Neste caso, o paciente torna-se repetitivo e apresenta dificuldades progressivas de lembranças do seu cotidiano, como nome de parentes próximos, como filhos e netos, já não sabe mais ver as horas e torna-se cada vez mais evidente o fato que sua memória está deteriorando e isso é facilmente percebido pelos que convivem com ele”, salienta o médico.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até 2050, 30% da população brasileira estará com idade superior a 60 anos, o que representará mais de 60 milhões de pessoas. Mas além de viver mais é imprescindível viver com saúde. E uma doença que têm afetado cada vez mais pessoas, em todo o mundo, é o Alzheimer. Ela provoca alterações da memória, linguagem, planejamento, habilidades visuais-especiais e, muitas vezes, o comportamento também muda, com apatia, agitação, agressividade, delírios, dentre outros. “É imprescindível que seja realizado o diagnóstico precoce da doença, pois ela leva a um ‘apagamento do eu’. Não adianta o paciente ter vinda longa sem qualidade de vida”, avalia o médico.
Alerta vermelho
A doença de Alzheimer dá sinais de alerta para o diagnóstico precoce e na maioria das vezes, o primeiro sintoma é a perda de memória para fatos recentes. Além das alterações da memória, existem outros sintomas, entre eles a dificuldade para encontrar palavras, torna-se apático, muda atividades e não realiza suas rotinas mais simples, como cuidar de sua higiene. Pode ficar mal-humorado e agressivo com as pessoas mais queridas, encontra dificuldade para se localizar no tempo e no espaço, torna-se repetitivo e conserva nuances da memória do passado.
Apesar de ter sido descrita por Alois Alzheimer há mais de 100 anos, até hoje não existe a cura para a doença de Alzheimer, mas quando o diagnóstico da doença é feito precocemente, a medicina oferece melhor qualidade de vida ao paciente, evitando a progressão rápida e drástica da doença. Para o médico neurologista Benthien, as linhas de tratamento atuais estão baseadas na melhora da cognição, no retardamento da evolução e no controle dos sintomas e nas alterações de comportamento. “O diagnóstico precoce é um primeiro passo em direção aos cuidados e suporte adequados. O retorno no diagnóstico significa que pessoas com demência e seus cuidadores sofrerão desnecessariamente da incerteza sobre o que está acontecendo”, salienta o médico.
Entre as orientações que o médico repassa à família dos idosos é o cuidado 24 horas ao dia, a responsabilidade sobre a administração dos medicamentos e alimentação. Ele também lembra que o número de pessoas afetadas por demência vem crescendo significativamente com o envelhecimento da população mundial. O recente Relatório Mundial de Alzheimer, publicado em setembro do ano passado, estima que somente em 2010, 35,6milhões de pessoas em todo o mundo estejam vivendo com demência e até 2050, o número deve ultrapassar os 115 milhões de pessoas. E o aumento na incidência será maior nos países em desenvolvimento
O tratamento da doença é através de medicamentos e o não medicamentoso, e nele se inclui a terapia nutricional, fisioterápica e atividade física.
Cuidando do cérebro
Assim como se cuida do corpo, é indispensável cuidar da mente! A inatividade física e mental, a depressão, sobrecarga física e emocional e perdas afetivas contribuem para o aumento dos casos de demência.
Pesquisas mostram que atividades sociais, culturas e esportivas adequadas para a terceira idade, jogos, participação ativa em comunidades, tornam o idoso menos suscetível ao Alzheimer.
Em Curitiba, o Sesc da Esquina promove semanalmente a Oficina da Memória Ativa. Trata-se de uma atividade preventiva de estimulação cognitiva direcionada à terceira idade. Nesta oficina são abordados exercícios práticos para a memória, temas como relaxamento, controle da ansiedade e estresse, espírito de comunidade e potencialidades individuais. Todos esses exercícios visam a sua aplicação no dia a dia para proporcionar qualidade de vida.
É preciso ser paciente com o paciente!
A Doença de Alzheimer é uma doença progressiva que cada paciente enfrenta de forma diferente. Por isso, é sempre importante adaptar as orientações de acordo com as necessidades do paciente e o estágio de desenvolvimento da doença.
As mudanças na rotina devem ser realizadas progressivamente de acordo com as necessidades que vão surgindo.
- Programe o pagamento das contas pelo débito automático.
- Se o paciente estiver com a capacidade crítica comprometida, delegue as funções financeiras para uma pessoa de confiança.
- Se o paciente não tiver condições e insistir em dirigir, retire alguma peça do carro para impedir o seu funcionamento.
- Converse com o paciente sobre mudanças na casa. Alerte, principalmente, sobre os cuidados ao utilizar o banheiro e a cozinha.
- Quadros e retratos da família são importantes para exercitar a memória.
- Em casa, evite adereços como tapete, espelhos, enfeites, objetos pequenos.
- Coloque protetores nas quinas dos móveis e tela protetora nas janelas e na piscina.
- No banheiro, utilize tapetes antiderrapantes, mantenha o piso seco, retire a tranca da porta e instale barras fixas no box e ao lado do vaso sanitário.
- Dê uma pulseira identificadora ao paciente e certifique-se que ele vai usá-la.
Silvia Bocchese de Lima
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