Lugar de aconchego

A Região Sudoeste do Paraná reserva aos visitantes 
o contato com atrativos únicos da natureza

Descoberta em 2004, a Cratera de Vista Alegre, em Coronel Vivida,
é resultado da colisão de um meteorito com a Terra.
O impacto foi equivalente a 250 mil bombas
iguais a que destruiu Hiroshima.
(Crédito: Nat Hero)
Ocupada a milhares de anos por índios tupi guaranis e caingangues, classificada como terra espanhola à esquerda do Tratado de Tordesilhas, disputada por Brasil e Argentina, pretendida pelo estado de Santa Catarina, integrante do então Estado do Iguaçu. Embora repleta de história, a Região Sudoeste do Paraná tem uma recente constituição político-administrativa. A maioria de seus 42 municípios não tem mais de 75 anos de fundação, à exceção de Palmas, um dos primeiros do Paraná, com 140 anos de emancipação e de Clevelândia com 127 anos.

Em busca dessa região promissora, houve – a partir da década de 1940 até o fim dos anos de 1970 –, uma onda migratória do Sul do Brasil para o Sudoeste paranaense: a população regional, que era de 40 mil habitantes passou para 445,5 mil, revelou o senso do IBGE de 1970. Solo rico, abundância de madeiras e erva-mate impulsionaram a chegada de novos moradores. Foi nesta leva que uma parte dos meus familiares chegou à região, oriunda do Rio Grande do Sul, para suprir a carência de mão de
obra especializada em mecânica, ferraria e chapeação.

Mina de Ametista
(Crédito: Prefeitura de Chopinzinho)
A abertura de estradas rurais e o acesso rodoviário permitiram que o Sudoeste fosse conectado, divulgado e seus atrativos turísticos conhecidos. A região é rica em belezas naturais, resultado da miscigenação de povos e conta com fenômenos raros, como a Cratera de Vista Alegre, em Coronel
Vivida – uma cratera de impacto de cerca de 9,5 km de diâmetro, consequência da colisão de um meteorito com a Terra há mais de 130 milhões de anos.
Parque Alvorecer, em Pato Branco, recebeu em 2019,
mais de 500 mil visitantes.
(Crédito: Ass. de Imprensa da Prefeitura de
Pato Branco/Rodinei Santos)


Preservação Ambiental
Apesar da intensa extração de árvores de araucária no ciclo econômico da madeira, Chopinzinho
defende o título de maior reserva natural de araucária do mundo, localizada em terras indígenas com área superior a 11 mil hectares e, como é rica em recursos minerais, como ametista, cristal, ágata e citrino, considera-se a Capital das Pedras no Paraná.

Parque Alvorecer, em Pato Branco
(Crédito: Ass. de Imprensa da Prefeitura de
Pato Branco/Rodinei Santos)
A região também possui diversos espaços de preservação ambiental como o Parque Alvorecer (Parque Estadual Vitório Piassa), com mais de um milhão de metros quadrados de mata nativa, em
Pato Branco, aberto à visitação, de terça-feira a domingo das 7h às 21h e, nas segundas-feiras, das 16h às 21h. Também em Pato Branco é possível visitar o Parque Cecília Cardoso, um espaço particularmente especial por ter sido terras de minha avó e levar seu nome. Ali é possível realizar caminhadas em meio à mata preservada e são promovidos shows e espetáculos artísticos.

Quem passa por Coronel Vivida também poderá admirar as 92 cachoeiras catalogadas, de 2m a 60m de altura. O instrutor de rapel, Luiz Ogrodowski Junior, conta que um terço das quedas tem altura superior a 20m e para a prática de rapel o ideal são as maiores de 30m e cita a Cachoeira do Hermann
Cachoeira do Hermann, em Coronel Vivida, é uma das mais de 90
cachoeiras catalogadas no município.
(Crédito: Luiz Ogrodowski Junior,)
como a de melhor acesso e uma das mais belas da cidade.

Apesar de não estar localizado no Sudoeste, mas muito próximo da região, em Pinhão, nos arredores da Usina de Foz do Areia, é possível visitar o Jardim Botânico de Faxinal do Céu, uma área de 152 hectares de mata preservada que abriga espécies da flora dos cinco continentes. Na Vila dos Trabalhadores o visitante pode realizar turismo ecológico e de educação ambiental. A Vila de Faxinal do Céu é aberta ao público, com serviço de hospedagem para até 1.200 pessoas. Recebe ao ano mais
de 20 mil visitantes.


Atrativos Turísticos
A Copel, na Usina Eólico-Elétrico de Palmas, possui cinco aerogeradores
de 500KW cada, totalizando 2,5MW de potência instalada.
(Crédito: Arquivo Copel)
O frio é um atrativo à parte. Em Palmas, a cidade mais fria do estado, a precipitação de neve é frequente no inverno, principalmente
na região de campo aberto do Horizonte, onde a altitude chega a 1.340m. A combinação geográfica
e o alto potencial eólico permitiu ali a instalação da primeira usina eólica do Sul do Brasil, em
1999. A visitação ao local é possível mediante agendamento e depende da programação dos trabalhos
a serem executados pelas equipes de operação e manutenção do parque eólico.

O frio, uma atração à parte, transforma cenários das manhã de geada.
(Crédito: Silvia Bocchese de Lima)
As baixas temperaturas registradas no inverno são essenciais para a boa qualidade das maçãs produzidas em Palmas, que precisam de no mínimo 600 horas de frio abaixo de 7,2ºC por ano. A cidade é a maior produtora de maçã do estado, registrando a colheita de 10 mil toneladas do produto em 2018. À época da florada das macieiras, as fazendas são presenteadas com um verdadeiro espetáculo da natureza.

As águas termais, com vazão de aproximadamente mil litros por hora, a 36,5ºC de temperatura, são responsáveis por abastecer o complexo aquático Hotel e Resort Águas do Verê Termas, que recebe anualmente 22 mil pessoas. O espaço permite que o visitante usufrua do day-use, com acesso por um
Anualmente, o Complexo Aquático Hotel e Resort Águas do Verê
recebe mais de 22 mil pessoas
(Crédito: Divulgação Águas do Verê Termas)
dia de todas as piscinas ou se preferir, fique hospedado no hotel ou na Pousadas das Fontes. O hotel possui ainda um centro de convenções para 120 pessoas e um espaço para eventos e casamentos
com capacidade para 600 pessoas. Além de Verê, a região conta com outros parques termais, como as Thermas de Sulina, em Sulina, e a Anila Thermas, em Francisco Beltrão.

Zoológico Unisep, em Dois Vizinhos, abriga 370 animais de 100
diferentes espécies
(Crédito: Marieli Galvan Bocchese Cenci)
Não muito longe dali, encontra-se Dois Vizinhos onde foi instalado o Zoológico Unisep. Em uma área de 30 mil metros quadrados são abrigados 370 animais de 100 espécies diferentes. Todos os recintos seguem as normas estabelecidas pelo Ibama. A União de Ensino do Sudoeste do Paraná (Unisep) é uma das únicas instituições de ensino do país com zoológico em seu campus. O espaço não é aberto apenas aos alunos.Visitas externas podem ser realizadas às sextas-feiras, aos sábados e aos domingos.

Para contar a história dos pioneiros da região, Francisco Beltrão criou em 2004, o Museu da Colonização, com um acervo de peças utilitárias da vida diária dos colonizadores, localizado no Parque Jayme Canet Júnior.

Turismo de Eventos
Situada a 119km da fronteira com a Argentina, 29,7km de Santa Catarina, Pato Branco se destaca no
turismo de eventos e promove, em edições bianuais, a Feira Casa e Construção – onde são apresentadas as tendências e inovações na engenharia, arquitetura, decoração, setor moveleiro, design e serviços –, a Exposição Agropecuária (Expopato), Comércio e Industrial de Pato Branco), a Inventum – feira que demonstra a produção científica, tecnológica e as inovações geradas na cidade. São realizadas palestras e ações envolvendo os setores de empreendedorismo, tecnologia e inovação. O evento conta com a participação de mais de 110 mil pessoas, com a próxima edição agendada para 2021. Desde 2005, a cidade organiza todos os anos o Natal de Pato Branco, um espetáculo a céu aberto, com show de luzes, ornamentação e apresentações culturais.

A cidade de São João promove anualmente, em junho, a Festa da Fogueira e, desde 2010, exibe o título de Maior Fogueira do Brasil, com 62,2m de altura, homologado pelo Ranking Brasil.

Toda segunda quinzena de janeiro, Mariópolis organiza, durante três dias, a Festa da Uva, com a visitação de mais de 50 mil pessoas atraídas pela comercialização da uva in natura, produtos coloniais, vinhos e programação cultural, artística e gastronômica. Evento semelhante é sediado em Salgado Filho, em julho, a Festa do Queijo e do Vinho, que evidencia fortemente a influência alemã e italiana na colonização, gastronomia e hábitos e, em Candói, no mês de agosto, a cidade recebe
a Festa Nacional do Charque, quando a história dos tropeiros é rememorada com a gastronomia e o rodeio de touros e cavalos.

Em dezembro, Coronel Vivida realiza o Festival Gastronômico Sede do Sabor com a comercialização de mais de 75 pratos da culinária do Sul do Brasil.

Todos os anos, Pato Branco realiza o Desfile de Natal. Em 2019, o evento contou com a presença
de mais de 350 voluntários, divididos em 60 alas e quatro alegorias.
(Crédito: Ass. de Imprensa da Prefeitura de Pato Branco/Rodinei Santos)

Turismo Religioso
Quando o assunto é religião, o Sudoeste não foge à regra brasileira e também declara que Deus é nascido em terras tupiniquins. Apresenta uma variedade de crenças, influência esta, vinda, principalmente, com os povos colonizadores. Em Mangueirinha, nos meses de janeiro,
Em Francisco Beltrão, no Alto do Morro do Calvário, encontra-se
a imagem do Cristo Redentor.
(Crédito: Prefeitura de Francisco Beltrão)
voluntários organizam a Procissão dos Navegantes que percorre os Lagos do Iguaçu, da Usina de Salto Segredo e, há mais de 120 anos, mantem-se a tradição da procissão na madrugada da Sexta-feira Santa,com batismos na fonte e coleta de água utilizada como benta em situações especiais.

Os eventos religiosos passam pela Romaria, em Cruzeiro do Iguaçu; a Gruta de Frei Galvão, em Pato
Branco; além da Marcha para Jesus, realizada em diversas cidades da região.

Em Francisco Beltrão os visitantes revivem o trajeto da Via Sacra, subindo o Morro do Calvário onde
encontra-se uma imagem do Cristo Redentor com mais de 20m de altura.

Excentricidades
A região também apresenta costumes singulares, como a Olimpíada Rural, realizada em Coronel Vivida, nos meses de julho. Uma competição nas mais variadas e curiosas modalidades, como Caça a Galinha, Corrida do Porco, Debulhar Milho, Carrinho de Mão e Cabo de Guerra.

Polentô, o tradicional lanche pato-branquense que substitui as duas fatias
de pão, por duas de polenta
(Crédito: Patô Lancheria Divulgação)
Em Pato Branco, o turista pode apreciar o X-polenta, apelido do lanche Polentô, registrado há 10 anos pelo Patô Lanches. Trata-se de um farto sanduíche de 910g, que substitui as duas fatias de pão por polenta, repleto de bacon, calabresa, queijo, tomate, ovo e rúcula. Mas não se assuste, existe a possibilidade de solicitar meia porção e há variações dos recheios. Hugo Recalde Gomez conta que o produto surgiu após uma análise do mercado regional. “A maioria dos habitantes tem origem
italiana e sabemos da grande atração por polenta. Inicialmente era pra ser uma pizza e, no lugar da massa, a polenta, mas realizando testes com diversos ingredientes chegamos ao lanche. A maciez da polenta, o amargor da rúcula com os cortes do porco e a peculiaridade do provolone trouxeram um equilíbrio perfeito. Por 10 anos mantivemos apenas um sabor, hoje temos oito”, conta.

Ainda na gastronomia, Ampére tem como prato típico o Porco Pizza e Capanema recebeu do Sebrae/PR o selo de Indicação Geográfica pelas qualidades particulares no melado e no açúcar
mascavo produzido.

Localizado entre os municípios de Vitorino (PR) e Jupiá (SC), o Morro do Divisor é uma atração que tem ganhado cada vez mais visitantes. Com altitude de 1.100m acima do nível do mar e com 300m de desnível, a área de 10 alqueires é utilizada exclusivamente para a prática de parapente. Para outros esportes, como mountain bike, trilhas e Byke Downhill (descida em alta velocidade), é necessária a permissão dos proprietários do local.

O acesso por Vitorino é pela Comunidade Fartura, em 7km de estrada com calçamento, seguindo mais 11km de trajeto sem pavimentação, até a Linha Pinheiro.

O Sudoeste do Paraná é o quintal do futsal brasileiro. A excentricidade do tema revela-se nos clássicos das penas: Galo do Sudoeste, de Dois Vizinhos; Marreco, de Francisco Beltrão e Pato Fusal, de Pato Branco, esse último bicampeão da Liga Nacional de Futsal e, eleito pela Agla Futsal Awards, o quinto melhor time de futsal do mundo. A equipe Pato Basquete participa do Novo Basquete Brasil (NBB), a liga oficial do basquete brasileiro.

Conhecer ainda mais a história dessa terra, poder contá-la, faz-me recordar do trecho escrito pelo professor Sittilo Voltolini, em seu livro Retorno – origem de Pato Branco. Ele defendia que “do conhecer nasce a crença, o entusiasmo, a ufania, o brio, o amor” e, pelos corredores e salas de aula do antigo Cefet, recomendava: “Pato-branquense, o Brasil, ame-o aqui!”.
– Professor Sittilo, no Sudoeste aprendi a amar meu país, o meu lugar.




Texto: Silvia Bocchese de Lima*
Revista Fecomércio PR - nº 134


* * *
 *Nascida em Pato Branco, Silvia Bocchese de Lima é uma ferrenha defensora da sua cidade e da região. Trabalhou em Palmas e, há 11 anos, mora em Curitiba.





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