O tempo. O trabalho. O ócio

O homem desenvolveu milhões de máquinas para poupar tempo mas a cada hora, é a escassez de tempo que aflige a humanidade. Para dissertar sobre “Tempo, Trabalho e Ócio na Sociedade Pós-Industrial”, o Projeto Phi – Encontros de Conhecimento, com patrocínio da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), trouxe a Curitiba, em abril, o sociólogo italiano, Domenico De Masi.
Domenico De Masi
O sociólogo explanou sobre o triângulo: tempo, trabalho e ócio, e pontuou que a humanidade precisa
reduzir a jornada de trabalho, passar a desfrutar das possibilidades que a tecnologia proporciona e, aceitar que o ócio criativo é a única possibilidade de tornar esta era melhor. “A passagem do tempo
é subjetiva e um dos fatores mais misteriosos da nossa vida. Ela acontece e passa enquanto
fazemos outras coisas. Heráclito dizia que o tempo é criança jogando e brincando. A vida média
alongou-se e, em vez de termos muito tempo, passamos a viver a ausência dele. Criamos máquinas
para economizar, conservar e para programar o tempo, mesmo assim, temos a sensação que ele nos
falta”, avalia.
De Masi defende que o trabalho é um problema da geração presente. “Até o século XVIII, o trabalho
não era agradável. O cidadão livre dedicava-se ao estudo e não ao trabalho. Sabemos que quanto maior for o progresso científico de um país e quanto mais conseguir substituir os trabalhadores por robôs e pela inteligência artificial, maior será o risco de criar multidões de desempregados,  deprimidos pela falta de um objetivo de vida, uma vez que lhes ensinaram que o único objetivo é o trabalho”, acredita De Masi.
Sobre o ócio, o sociólogo ressalta que é possível trabalhar durante o tempo livre, mas fazendo isso com diversão. “Às vezes achamos que a felicidade é um direito, mas é um dever. Para ser feliz eu tenho que deixar os outros felizes. Aprender a ser feliz é fazer os outros felizes no meu tempo livre. Na sociedade industrial, a longevidade e a tecnologia multiplicam o tempo livre. Chegou o momento de restituir ao ócio toda a sua preciosa dignidade. Se o entretenimento é comercial, superficial e estéril, se o divertimento é imparcial, genuíno e agradável, o ócio é vital, complexo e fecundo”, diz o sociólogo.
Por fim, defende que o ser humano precisa ser capaz de conservar a juventude e cita Gilberto Freyre. “Se dependesse de mim, eu não seria jamais maduro, nem nas ideias, nem no estilo, Seria sempre verde, incompleto, experimental”.

Texto: Silvia Bocchese de Lima
Crédito Imagem: Rubens Nemitz Jr.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Black Friday digital

Em reverência a Poty

Poty por aqui