A engrenagem do esporte

Litoral do Paraná recebeu, em março, a 30ª edição do Sesc Triathlon Circuito Nacional - etapa Caiobá. A prova mais antiga e ininterrupta de triathlon no Brasil


Em conjunto e em harmonia. Na mecânica, as engrenagens não operam de maneira isolada, são
necessárias ao menos duas peças atreladas, movimentando-se uniformemente para que uma máquina
possa funcionar, quando acionada. No esporte, engana-se quem pensa que triathlon seja apenas força ou resistência. Para alinhar natação, ciclismo e corrida, modalidades esportivas com exigências de preparo físico específicos, assim como em uma engrenagem, são necessários treinamentos, estratégia, disciplina, raciocínio e concentração.


30ª EDIÇÃO EM NÚMEROS
Número de inscritos: 1.200
Minutos foram necessários para completar todas as inscrições: 3
Número de atletas comerciários: 798
Número de atletas usuários: 402
Número de atletas na Categoria Elite: 30
Pessoas trabalhando diretamente no evento: 589
Público (pessoas): 15 mil
Atletas estrangeiros (2 argentinos | 1 paraguaio | 1 francês): 4
Estados com participantes (estados e o Distrito Federal): 9



Pâmella Oliveira
No primeiro domingo de março, 1.200 triatletas do Paraná, do Distrito Federal e de outros sete estados, foram peças engrenadas da edição comemorativa do 30º Sesc Triathlon Circuito Nacional – etapa Caiobá, que contou com público de mais de 15 mil pessoas em uma manhã intensa e  parcialmente nublada.

Na categoria Elite, o triatleta de São Carlos (SP), Flavio Queiroga, juntou determinação e preparo para obter o primeiro lugar na competição. Ele conta que, em 2015, ficou entre os cinco primeiros colocados; em 2016, em terceiro lugar, mas almejava o lugar mais alto do pódio. O atleta completou o percurso, em 2018, com o tempo de 1h52min44s, apenas oito segundos à frente do segundo colocado, o curitibano Kauê Willy Cardoso. Tricampeão da prova, Reinaldo Colucci, também de São Carlos, fechou a prova com 1h53min40s e obteve a terceira colocação, seguido pelo curitibano Breno Pereira Matheus e pelo catarinense e, também campeão da prova em 2016, Luiz Francisco de Paiva Ferreira, o Chicão. “Analisei todos os atletas de elite inscritos nesta prova, muitos deles  campeões em alguma etapa do Circuito Sesc no Brasil. Esta prova conta com a participação de atletas olímpicos, isto eleva o nível técnico da competição”, avalia Queiroga.

Flavio Queiroga
Na Elite feminina, a triatleta olímpica Pâmella Oliveira, de Balneário Camboriú (SC), liderou a prova de ponta a ponta e conquistou o tricampeonato com o tempo de 2h11min16s, abrindo vantagem de 3min8s da segunda colocada, a paulista Carolina Furriela, campeã em 2015. “Sendo favorita ou não em uma prova, eu sempre estou muito focada, para fazer o máximo que eu puder, por isso eu acredito que dá certo. Fiz a natação bem forte, um ciclismo para tentar abrir o máximo de vantagem e saí com uma distância mais confortável para correr sem pressão. Excelente para me testar”, avalia Pâmella. O terceiro lugar, de Palhoça (SC), Djenyfer Arnold, terminou a prova com 2h17min48s, seguida por Luma Maruci Guillen, de São Carlos e por Soelen Bozza, de Curitiba.


PEÇAS
Comprometidos com o todo, 589 pessoas, entre colaboradores, contratados, parceiros e apoiadores, realizaram um trabalho sincronizado entre todas as equipes. “Todo o staff da prova fez a sua parte com maestria. Verificamos um grande envolvimento, desde o presidente da instituição até os colaboradores de todos os setores.

Equipe de trabalho
Vemos aqui uma história sensacional e posso afirmar que ninguém faz nada sozinho. Esta é uma construção coletiva”, salienta o diretor da Divisão de Esportes, Lazer e Saúde do Sesc PR, Marcus Vinícius de Mello.

O presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana, ressalta a evolução da prova nestas 30 edições, que passou das iniciais 220 vagas para as atuais 1.200 – limite que a praça de transição comporta. “A crescente participação de atletas, a qualidade técnica, o volume de pessoas que se deslocam até o litoral para assistir à prova, mostram a grandeza deste evento, que fomenta o comércio e o turismo fora da alta temporada”,  pontua.

Peça essencial e uma das parceiras da prova, a Prefeitura de Matinhos, promoveu ao longo das edições melhorias na praça de transição, nos acessos e no trajeto. “Parabenizamos ao Sesc por esta ação conjunta que perdura por três décadas. Este é o maior evento esportivo do litoral que proporciona continuamente o desenvolvimento”, enfatiza o prefeito de Matinhos, Ruy Hauer.

Um dos idealizadores da prova e colaborador do Sesc nas 30 edições do Sesc Triathlon Caiobá, o gerente executivo do Sesc Caiobá, Adalberto Carneiro, destaca que a sinergia da equipe, o trabalho planejado e a confiança da liderança da instituição são responsáveis pelo sucesso. “Posso dizer que esta marca foi construída com responsabilidade, segurança, trabalho e dedicação de cada colaborador, no decorrer destas três décadas”, diz Carneiro.

O trabalho de preparo de prova é de no mínimo dez meses e tão logo um evento é concluído, têm-se início os preparativos do ano seguinte. “Esta prova está sendo muito especial para o Sesc. Por aqui passaram atletas amadores, profissionais e olímpicos. É a única prova realizada por 30 anos
consecutivos no Brasil e que abre o calendário nacional da modalidade”, salienta o diretor regional
do Sesc PR, Emerson Sextos.

30º Sesc Triathlon Caiobá
Elite Feminino
Pâmella Oliveira: 2h11min16s
Carolina Furriela: 2h14min24s
Djenyfer Arnold; 2h17min48s
Luma Gluillen: 2h19min23s
Soelen Bozza: 2h24min09s

Elite Masculino
Flavio Queiroga: 1h52min44s
Kauê Willy: 1h52min52s
Reinaldo Colucci: 1h53min40s
Bruno Pereira: 1h54min13s
Luiz Francisco Ferreira: 1h54min36s

Amador Olímpico Feminino
Vanessa Cabrini: 2h26min54s
Desiree dos Santos: 2h29min37s
Flavia Meyer: 2h30min40s
Ana Kozievitch: 2h37min32s
Tatiana Kumer: 2h41min54s

Amador Olímpico Masculino
Derik Afornali: 2h07min02s
Lean Carlo Bilski: 2h07min21s
Frederico da Silva: 2h07min34s
Rodrigo dos Santos: 2h09min52s
Tiago Haib; 2h09min59s



EXPERIÊNCIA
“Na largada da Elite, parado, meu coração estava batendo forte e tive visão de um filme passando na
cabeça, relembrando a adrenalina e a sensação boa de competir. Quando a buzina soou, quase saí correndo junto”, conta o ex-triatleta Leandro Macedo, vencedor da primeira edição do Sesc Triathlon
Caiobá e o atleta que mais venceu a competição, por sete vezes. Em 2018, ele não competiu, foi convidado de honra da organização para celebrar estas três décadas. “A história do Sesc Triathlon Caiobá se confunde com a minha própria história na modalidade. Iniciei no triathlon em 1986 e, três anos depois, venci a primeira edição desta prova. Fazia dez anos que não participava deste evento. Relembrar esta história é um presente que o Sesc me deu, ver que esta prova vingou, que tem evoluído a cada edição, melhorado na organização é maravilhoso”, destaca.



Serviço Médico
SERVIÇO MÉDICO
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e médico da prova, Marcelo Leitão, comandou a equipe responsável pela recepção dos atletas, reconhecimento de possíveis intercorrências e de necessidades de atendimento.
Neste no ano, para a pronta recuperação e reabilitação dos triatletas, foi oferecido o serviço de tratamento de lesões musculoesqueléticas com o sistema Game Ready, que com compressão pneumática intermitente e baixas temperaturas, ajuda a reduzir a dor e o processo inflamatório.


Tenda da Central de Resíduos
SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS
Pelo terceiro ano, todo o resíduo gerado no evento foi enviado para a tenda da Central de Resíduos e
realizada a segregação e o direcionamento do material coletado. De acordo com a técnica de Saúde e
Meio Ambiente do Sesc Caiobá, Fabiane Stecinski Luvizotte, os resíduos são encaminhados para
a Associação dos Coletores e Selecionadores de Resíduos Sólidos de Matinhos (Ancresmat) e posteriormente vendidos para a Rede Cata Paraná para o beneficiamento do material. “A renda é revertida para o sustento das famílias cadastradas na Ancresmat”, conta Fabiane.
Os 225kg de resíduos orgânicos foram encaminhados para a Central de Compostagem do Sesc Caiobá para produção de adubo orgânico e os 173kg de resíduos não recicláveis foram coletados pela Prefeitura de Matinhos e encaminhados para o Aterro Controlado.






DE REPENTE, TRINTA
Fazia apenas seis anos que o Brasil havia recebido a primeira competição oficial da modalidade  quando o Sesc PR promoveu, em janeiro de 1989, a edição de número um do Sesc Short Triathlon, na Praia Mansa de Caiobá, com a participação de 220 triatletas. Leandro Macedo e Rebeca Werneck entraram para a história da competição como os primeiros vencedores da categoria Elite.
Em 1998 a competição em Caiobá passou a ter duas provas, a Short, para a categoria amadora e
a Olímpica, com o dobro dos percursos e distâncias de 1,5km de natação, 40 km de ciclismo e 10
km de corrida para a elite profissional. Entretanto, o grande passo dado pelo triathlon nos anos 2000 foi o reconhecimento da modalidade pelo Comitê Olímpico Internacional e, como consequência,
o esporte que até então era praticado por poucos, passou a ter número crescente de praticantes e tratado como desafio, profissão e meio de vida. “O Sesc entrou em minha vida em 1989 e eu faço a 30ª edição desta prova com a mesma emoção e empolgação da primeira. Depois de 15 anos praticando a modalidade, tornei-me organizador de provas e posso dizer, sem dúvidas, que o
Sesc foi a mola propulsora para a minha carreira profissional”, revela o presidente da Federação de
Triathlon do Paraná (FPTri) e o único atleta que competiu nas 30 edições do Sesc Triathlon Caiobá,
Luiz Iran Guimarães.
Com a crescente disputa pelas vagas na prova e para que o número de vagas pudesse ser ampliado, medidas preventivas de segurança foram adotadas. As três modalidades esportivas foram repensadas
e os critérios de acessibilidade foram melhorados.
Pelas areias de Caiobá, em diversas edições da prova, passaram e foram revelados atletas referência
no triathlon brasileiro, como Liane Bereta, Rebeca Werneck, Fernanda Keller, Armando Barcelos,
Sandra Soldan, os irmãos Miashchiro, Alexandre Manzan, Alexandre Ribeiro, Luiz Catta Preta, Vanessa Cabrini, Virgílio de Castilho, Juraci Moreira, Marcos Ornelas, Carla Moreno, Mariana Ohata, Diogo Sclebin, Reinaldo Colucci e Pâmella Oliveira, que ajudam a instituição a contar a história de 30 edições da prova.


Etapas do Sesc Triathlon Circuito Nacional 2018
- Brasília (DF): 19 e 20 de maio
- Manaus (AM): 28 e 29 de julho
- Belém (PA): 25 e 26 de agosto
- Tramandaí (RS): 24 e 25 de novembro


Texto: Silvia Bocchese de Lima, com colaboração de Isabela Mattiolli
Revista Fecomércio PR - nº 122
Imagens: Ivo José de Lima

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