Dobrado, a marcha brasileira

Espalhadas por todas as regiões do país, as bandas cumprem o papel de formação de músicos.
Em sua 20ª edição, o projeto Sonora Brasil apresenta “Bandas de música: formações e repertórios”


ABandinha (Carlos Navarro)
Elas chegaram ao Brasil quando os jesuítas por aqui aportaram e acompanharam os primeiros agrupamentos militares. Desde então, as bandas de música se espalharam pelo país, mantiveram semelhanças, mesmo repletas de particularidades e diversas diferenças. Dos militares, as bandas assimilaram características marcantes como o uso de uniforme, repertório de marchas e a instrumentação, e foram responsáveis pela criação de um gênero musical tipicamente brasileiro: o dobrado.
Para o doutor em Música, Fred Dantas, a maior parte daqueles que estudam a evolução das bandas de música no Brasil creditam a chegada da Banda da Armada Real, acompanhando Dom João VI, como “marco inicial da banda de música moderna em nosso território. As bandas de música, fanfarras e
filarmônicas são formações com identidade própria que vêm se adaptando junto ao gosto e às necessidades das pessoas através do tempo.”

Dobrado
Corporação Musical Cemadipe (Layza Vasconcelos)
“A maior contribuição estilística das bandas de música à cultura brasileira”, é assim que Dantas define a marcha militar de passo dobrado. Ele revela que este estilo surgiu, originalmente, nos quartéis, chegando a centenas de cidades do interior. Cisne Branco, composto por Antonino Manoel do Espírito Santo, é um dos dobrados que tiveram circulação nacional e foi adotado como Hino da Marinha Brasileira.

Temática
Tradicionalmente, o projeto Sonora Brasil apresenta ao público, expressões musicais que estão fora dos meios de comunicação. No ano em que comemora a 20ª edição do maior projeto de circulação musical do país, o Sesc apresenta o tema “Bandas de música: formações e repertórios”. De junho
a dezembro de 2017, quatro grupos percorrerão os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste com apresentações. “Se pensarmos que as bandas estão em todo o território nacional podemos
Quinteto de Metais da UFBA (Alessandra Nohvais)
questionar o motivo deste tema compor o Sonora Brasil. Apesar de as bandas estarem difundidas, elas se transformaram nas últimas décadas, apresentaram uma tendência em abandonar repertórios tradicionais compostos especificamente para bandas e passaram a trabalhar com arranjos de
música popular, de cinema”, revela o assessor técnico de Música do Departamento Nacional do Sesc, Gilberto Figueiredo.
De acordo com Dantas, um dos grandes ganhos culturais representados pelas bandas de música foi a “popularização da leitura musical, uma vez que todo o repertório é transmitido por partituras e os signos empregados são os mesmos da música clássica europeia”.
A temática traçará um panorama das tradicionais bandas, reconhecidas como importantes instituições formadoras de músicos e responsáveis pela base da educação musical de grande número de instrumentistas.
Com o passar do tempo, Figueiredo acredita que as bandas, apesar da expressão cultural, precisaram adequar repertórios ao gosto popular e as formações originais foram desaparecendo. “O Sonora Brasil traz quatro formações distintas, sendo três representantes de grupos tradicionais que se apresentam em ruas e praças e um representante do segmento de música de concerto, com repertórios inspirados nas sonoridades das bandas”, revela Figueiredo.

No Paraná
Sociedade Musical União Josefense (Danillo Barretto)
Três cidades paranaenses foram escolhidas pelo Sesc PR para receber o projeto, em 2017. Apucarana,
Guarapuava e Cascavel receberão apresentações gratuitas e acústicas, valorizando a qualidade sonora das obras e de seus intérpretes. Circulam pelo Paraná os grupos Corporação Musical Cemadipe (GO), ABandinha (AM), Sociedade Muside Metais da UFBA (BA).
Em 2018, o tema que será trabalho será Na pisada dos cocos, apresentando quatro grupos de Coco, uma manifestação cultural com origem no Nordeste brasileiro e que se espalhou pelo Brasil por meio da música popular.

Sonora Brasil
O Sonora Brasil é um projeto temático do Sesc que tem como objetivos despertar um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão da música no país, incentivar novas práticas e novos hábitos de apreciação musical e promover apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizem a autenticidade sonora das obras e de seus intérpretes.
De acordo com a técnica de Cultura do Sesc, Sylvia Letícia Guida, o projeto tem por objetivo despertar um olhar crítico sobre a produção e a difusão de expressões musicais identificadas com
a história da música no Brasil.
Desde a sua primeira edição, em 1998, o projeto já recebeu cerca de 80 grupos, em mais de 5.319 apresentações pelo Brasil, alcançando um público superior a 520 mil espectadores. Em 2017, serão realizados 420 concertos e mais de 108 cidades receberão o projeto.

LOCALQUINTETO DE METAIS DA UFBACORPORAÇÃO MUSICAL CEMADIPESOCIEDADE MUSICAL UNIÃO JOSEFENSEABANDINHA
Sesc
Apucarana
16/06/17, às 20h31/08/17, às 20h05/10/17. às 20h02/12/17, às 20h
Sesc
Guarapuava
17/06/17, às 20h01/09/17, às 20h06/10/17, às 20h01/12/17, às 20h
Sesc
Cascavel
18/06/17, às 18h3002/09/17, às 18h3007/10/17, às 18h3030/11/17, às 20h


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