Uma economia do tamanho do Brasil

O jornalista Paulo Henrique Amorim
Estabilidade econômica, conquista da liquidez internacional, produção energética e de alimentos, desenvolvimento regional e demanda doméstica indicam a construção de uma sólida economia no país 

De pirâmide a losango. Esta foi a guinada que a economia brasileira deu na última década em sua formação social. Enquanto em 2005, as classes D e E representavam 51,05% da população no Brasil e formavam a base da pirâmide social, hoje, este percentual reduziu para pouco mais de 25%. A classe C passou de 34,44% para 52,99% em 2013. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o topo da pirâmide também aumentou, passando de 14,51% para 21,99%. Na opinião do jornalista Paulo Henrique Amorim, que esteve em Curitiba a convite do Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Estado do Paraná (Sinca PR), esta nova composição econômica é um dos pilares que o Brasil está construindo para se tornar uma economia crescente, próspera e igualitária. “Os esforços para a construção desta economia foram a estabilidade econômica e a liquidez internacional. Depois o Brasil resolveu o problema do estrangulamento energético e da produção de alimentos. Resolvidos os problemas estruturais básicos, o país tem condições de se tornar uma grande economia”, acredita Amorim.
O jornalista defende que o país passa por um momento histórico e irreversível, tornando-se uma sociedade capitalista de massa, ou seja, criou-se uma demanda doméstica. “Em uma única geração, incorporamos à classe C mais de 40 milhões de pessoas e fizemos isso dentro de um regime democrático, ao contrário dos demais países do BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul”, avalia. Quando cita a democracia, Amorim é enfático ao dizer que os três poderes ao lado da imprensa, funcionam perfeitamente. “Temos aqui um bem imaterial chamado contrato, que permite com que haja previsibilidade e solidez das instituições políticas e econômicas”, destaca o jornalista.

Nova geografia econômica 
Amorim ressalta que o Brasil deixou de crescer exclusivamente no Sudeste e todas as demais regiões passaram a viver este novo cenário. “Hoje o país se desenvolve fora do antigo triângulo claustrofóbico Rio-São Paulo-Minas que vem desde a Era Vargas e conquistou isso graças a muito esforço. Criou-se uma nova geografia econômica”, salienta. Como exemplo deste novo desenvolvimento, Amorim destaca cidades como a mineira Vargem Grande, com três mil habitantes e produtora mensal de um milhão de roupas íntimas femininas; as cidades mato-grossenses de Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum produzem de cinco a seis milhões de toneladas de soja e sete milhões de toneladas de milho ao ano. “Esta nova geografia permitirá em breve que o setor atacadista, por exemplo, transporte os produtos brasileiros não só pelo Oceano Atlântico, mas pelo Pacífico, chegando ao Chile e ao Peru”, prognostica. O jornalista também prevê que em breve, o Brasil não mais exportará produto in natura, mas beneficiado, com valor agregado.
Ele cita uma recente pesquisa da Mackenzie, publicada no Wall Street Journal, que revela que em 2025, 75% das maiores companhias do mundo estarão nos mercados emergentes. “O Brasil está ficando do tamanho do Brasil. Das 50 maiores obras em curso no mundo, 15 estão no Brasil. Para se ter uma ideia, somente as usinas de Belo Monte, no Rio Xingu; de Santo Antônio e de Jirau, empreendimentos que juntos somam R$ 59 bilhões, além da transposição do Rio São Francisco; da Usina Nuclear Angra III; do rodoanel, em São Paulo; do Cinturão das Aguas, no Ceará e do arco rodoviário do Rio de Janeiro e os 12 estádios de futebol em construção no país”, relaciona Amorim.

Consumo em alta
Contrariando o pessimismo dos empresários registrado no começo do semestre deste ano, Amorim destaca que os números do crescimento do varejo são positivos para as vendas de fim de ano. “De acordo com balanço realizado pelo Bradesco, este será um Natal brilhante, seguindo o crescimento médio anual na casa de 4%. O desemprego no país está em 5,3%, um dos mais baixos do mundo e hoje, o salário mínimo nos Estados Unidos é 11% menor do que aqui. Há 158 shoppings centers em construção no Brasil. Onde está a crise?”, questiona.
Para o jornalista não há espaço para amadorismo no país que em 2020 será o quinto maior mercado consumidor do mundo. “Só vai crescer quem conhecer a classe C, que usa cartão e consume celular, cursos, casa, tem carteira assinada, computador e, agora, usa a CVC”, conclui.


Texto: Silvia Bocchese de Lima 
Fotos: Walter Alves (Kuko) 

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