Uma receita de sucesso

Exemplo de excelência em empreendedorismo, Carlos Antônio Gusso fez de um pequeno restaurante, inaugurado há mais de seis décadas por seus pais, um complexo industrial do ramo alimentício referência no Brasil


Ao conhecerem a história profissional do empresário Carlos Antônio Gusso, não é raro jovens empreendedores e acadêmicos de diferentes áreas do conhecimento o questionarem sobre a fórmula do sucesso. A pergunta pode parecer clichê, mas o empresário, dono da Holding Campodoro, que congrega empresas do ramo alimentício, abre um sorriso e pacientemente conta sua história de vida e entrega os ingredientes da receita que o fizeram  ocupar a liderança paranaense no segmento de refeições coletivas e figurar entre as oito maiores empresas do setor no país.

Carlos Antônio Gusso
Segundo filho de uma família de origem italiana, Gusso e os outros seis irmãos tiveram uma infância simples e, foi no campo que ele obteve o primeiro ingrediente para o sucesso, a humildade. Ele comercializava nas ruas o leite produzido na propriedade dos seus pais, os auxiliava na lavoura e apesar do trabalho ser uma responsabilidade desde cedo, os estudos nunca foram deixados de lado. Percorria diariamente um longo trajeto do bairro Boqueirão ao Novo Mundo, em Curitiba, algo em torno de dez quilômetros para frequentar a escola. Aos nove anos, durante os dias de semana, morava com seus tios, para ficar mais próximo da escola e trabalhava como frentista. Observador, Gusso encontrava aprendizado nas pequenas coisas. “Eu tentava aprender tudo o que eu podia, pois já sabia que valeria a pena. O meu objetivo era aprender a fazer. Tanto é verdade que eu acredito que é preciso saber fazer para gostar de fazer. Essas duas coisas juntas dão prosperidade e sem dúvida nenhuma, delas vêm o meu sucesso”, disse, revelando o segundo ingrediente: o conhecimento.

Concluídos os estudos em contabilidade, foi convidado a ingressar na Polícia do Exército e dali saiu empregado no Citybank, quando teve a oportunidade de se graduar em Administração e de construir uma promissora carreira na instituição bancária, passando de auditor sênior a procurador-geral. “Essas conquistas só foram possíveis graças ao meu passado regrado, tradição familiar e honestidade. Na verdade, ser honesto não é qualidade, é obrigação!”, revelou.

Com a expertise que obteve nos 15 anos que trabalhou como executivo do banco, Gusso quis empreender e assumiu, ao lado da esposa, o comando do restaurante Risoto do Xaxim, fundado em 1953 por seus pais e criou, em 1974, a Risotolândia. “A Labra – Indústria Brasileira de Lápis – foi nosso primeiro cliente, em 1979, e a atendemos até hoje. Servíamos 90 refeições que eram transportadas diariamente do restaurante na Sociedade Morgenau, no Bairro Cristo Rei, até a indústria. Isso eu chamo de fidelidade e um casamento insolúvel”, salientou.

Na área industrial de Araucária, na época, recém-criada, eles adquiriram um espaço de quatro mil metros quadrados e com 350m2 de área construída passaram a ofertar 300 refeições coletivas diárias para seus clientes, tendo o auxílio de 11 colaboradores. Em 1981, ocorreu a montagem da primeira cozinha industrial, que tinha capacidade para atender três mil refeições diárias, marcando a entrada definitiva no ramo de refeições coletivas. “Eu havia estipulado como meta, atender quatro mil refeições ao dia. Com isso, eu conseguiria prover a educação dos meus filhos e viver bem, mas a procura foi tão grande que nós precisamos ampliar e conquistamos mais e novos clientes”, disse Gusso.

O crescimento do empreendimento foi tamanho, que cinco anos depois, a empresa já produzia 16.500 refeições diariamente com o apoio de 400 colaboradores.

Carlos Antônio Gusso
Gusso revela outros três segredos do sucesso: trabalho em equipe, delegar funções e respeitar o outro. “Ninguém faz nada sozinho, por isso, encontrei pessoas com perfil de liderança e preparamos estas pessoas para o trabalho na empresa. Tenho uma equipe comprometida”, avaliou o empresário.

No fim da década de 1990, a primeira unidade foi inaugurada em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e a marca de 94.500 refeições diárias foi atingida, conquistando a liderança do mercado no estado. Para o atendimento especializado aos diferentes públicos, outras empresas foram criadas, inclusive em Santa Catarina e em outras cidades do Paraná. Hoje, o empresário comanda uma equipe de 4.500 colaboradores que produzem, com tecnologia de ponta e equipamentos modernos, meio milhão de refeições ao dia.

Gusso não está alheio aos interesses da classe empreendedora, tanto é verdade que participa da diretoria de 14 entidades de classe, e revela ser o comprometimento outro ingrediente. Por fim, Gusso compartilha um último componente que não pode ser adquirido, é nato. “Não há escolas que criem empreendedores, é preciso nascer empreendedor e trabalhar muito”, conclui.

Projetos Sociais
Preocupado com valores que ultrapassam as paredes da instituição, há mais de 40 programas de responsabilidade ambiental e social desenvolvidos pela empresa. Um deles é o “Gralha Azul”. Em 2005, a população paranaense era de aproximadamente 7,5 milhões de pessoas e para cada habitante do estado seriam plantadas pelo programa “Gralha Azul”, duas mudas do Pinheiro Araucária, utilizando a mão de obra de internos da Colônia Penal Agrícola (CPA) de Piraquara. Esta ação ocorreu graças a uma parceria da Risotolândia com a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania e rendeu ao empresário o prêmio Internacional Sócio Ambiental, ofertado pelo Instituto Chico Mendes.

Desde 2009, com o Senac PR e a Secretaria de Educação de Araucária realiza um trabalho de profissionalização de pessoas com deficiência intelectual. Os jovens são alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e participam do curso de Aprendizagem em Auxiliar de Cozinha.


Outro programa é o “Liberdade Construída”, também realizado em parceria com a CPA, que resgata as habilidades profissionais de detentos e os ressocializa e os prepara para o convívio social e para o mercado de trabalho. Já o “Importância da Vida” é dedicado a orientar as gestantes sobre cuidados pré-natal e estimular a troca de experiências entre as participantes. Os programas não param por aí, nem tão pouco o reconhecimento da sociedade, afinal já são mais de 260 prêmios e condecorações ao empresário, incluindo a comenda “Ordem do Mérito do Comércio do Paraná”, entregue pela Federação do Comércio do Paraná, em julho deste ano.


Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Rogério Marcos de Freitas
Revista Fecomércio PR n°95

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