A mágica da educação

Educação é peça chave para o desenvolvimento das nações. Apesar de ter investido tardiamente nesta matéria, o Brasil tem feito esforços para melhorar a educação básica e o ensino profissionalizante


Era lei em 1612, no ducado de Weimar, atual território Alemão: toda criança de seis a 12 anos deveria frequentar a escola. Sem o cumprimento desta determinação legal, não era possível ter diploma nem tão pouco obter o direito a trabalhar em nenhuma atividade profissional. No Brasil, em abril deste ano, a Lei nº 12.796, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, estabelece que a partir de 2016, crianças brasileiras devem ser matriculadas na educação básica a partir dos quatro anos de idade.


O atraso brasileiro no investimento em educação atravessa mais de quatro séculos e, na opinião do colunista da revista Veja e doutor em Economia pela Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, Claudio de Moura Castro, a educação interferiu de maneira decisiva no desenvolvimento de países como Inglaterra, Escócia, Alemanha e Japão. “O problema do Brasil não é o que nós fizemos hoje ou deixamos de fazer hoje, é o que nós deixamos de fazer durante 400 anos. Um acúmulo de retrocidade. A educação sempre anda junto ao desenvolvimento. Nenhum país prosperou na história sem educação”, defendeu Moura Castro durante palestra exclusiva aos gestores do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR. Ele também foi um dos palestrantes da edição 2013 do Encontro Internacional de Educação – Salamundo, que ocorreu em Curitiba, em agosto.

Economia e Educação
O colunista lembrou que no século passado, de 1870 a 1987, o Produto Interno Bruto (PIB) Brasileiro cresceu 157 vezes, bem acima do registrado em países como o Japão e Estados Unidos, com crescimento multiplicado, respectivamente, por 87 e 53. “O Brasil hoje é um país de transição, largou o buraco em que estava e parece fazer força para chegar ao outro lado. A economia cresceu, a educação também, e elas se tornaram mais aceleradas na segunda metade do século. Para usar uma metáfora, não muito séria, a educação brasileira cresceu como uma lebre e a economia embarcou num Fórmula 1”, avaliou Moura Castro.

Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também palestrante do Salamundo 2013, a recente divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que a evolução do indicador brasileiro foi resultado de avanços da educação. De acordo com o estudo, que mede a longevidade, renda e educação, em 1991, nenhuma cidade brasileira atingiu o IDH alto, ou seja, acima de 0,7. Em 2010, este número saltou para 1.889 municípios, uma melhora de 33,9%. “Apesar de ter sido abandonada durante muito tempo, a educação foi fator decisivo para o crescimento do IDH, algo na ordem de 71%. Isto é inegável e não tem discussão, muito embora ela ainda não tenha chegado ao patamar desejado. Os indicadores mostram que tivemos um salto, mas não medem qualidade”, salientou o ministro.

Ministro da Educação, Aloizio Mercadante
Para Mercadante, os professores precisam ser motivados e valorizados e os julga importantes para o desenvolvimento do país, só assim será possível haver avanços educacionais. Além disso, o ministro enfatizou que a prioridade da educação deve ser o português, a matemática e as ciências. “Não dá para colocar três horas a mais na escola para a criança ter apenas capoeira, aprender a fazer bolo ou se divertir. Precisamos de foco e este ano a Prova Brasil já inclui ciências ao lado de matemática e português”, disse.

Educação Brasileira: realidade e perspectivas
Um dos problemas da educação brasileira apresentados pelo ministro é com relação ao Ensino Médio, que embora nos últimos 20 anos, cinco milhões de alunos tenham adentrado à educação formal, restam ainda 970 mil jovens, entre 15 e 17 anos, fora da sala de aula.  “Nós precisamos ir atrás desse jovem. Não podemos perdê-los para o tráfico de drogas, para o crime. A escola é o lugar deles. Quem estuda, escolhe o que vai ser. Quem não estuda é escolhido ou não”.

As oportunidades para educação de jovens são inúmeras. O governo federal, em parceria com instituições como o Senac, Senai  e Instituto Federal oferta, desde 2012, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que tem possibilitado  a expansão, interiorização e a democratização na oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica para a população brasileira. Em quatro anos, serão ofertadas em todo o território nacional oito milhões de vagas. Somente em 2012, o Senac PR ofertou 16 mil vagas. Com isso é possível entregar ao mercado profissionais capacitados. 

E as oportunidades não param por aí. Neste ano, 240 mil vagas foram ofertadas pelo Sistema de Seleção Unificada para Cursos Técnicos (Sisutec), também do Ministério da Educação, sendo esta mais uma modalidade do Pronatec. O Senac disponibilizou em 15 estados e no Distrito Federal vagas em cursos técnicos de nível médio em 30 cursos e a quantidade de vagas só tende a aumentar.  A seleção é feita com base na nota do estudante no Exame Nacional do Ensino Médio 2012 (Enem), reservando 85% das vagas para egressos do Ensino Médio da rede pública ou bolsistas integral em instituições privadas. Para as vagas remanescentes do Sisutec será possível a inscrição on line através do site pronatec.mec.gov.br até o dia 16 de setembro, sendo essas vagas destinadas à ampla concorrência.. Os alunos selecionados terão isenção das taxas de matrícula, além de apoio para transporte e alimentação, material escolar e didático. 

Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Ivo José de Lima
Revista Fecomércio PR n°95

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