DNA de empreendedor



 O tino para os negócios vem de casa, atravessando gerações da família Tozetto

A experiência da família Tozetto na comercialização de produtos já chegou aos 85 anos.  E tudo começou com um armazém de secos e molhados, em 1928, em Ponta Grossa. Vinte e sete anos depois nasceu a “Tozetto e Cia.”, hoje uma rede de supermercados que conta com quatro lojas, mais de 60 mil metros quadrados de área e 1.300 colaboradores, bem diferente do espaço inicial: um barracão de 200m2.



Há quase 30 anos trabalhando na empresa de sua família, César Moro Tozetto, diretor comercial do grupo e presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), desempenhou funções em todos os setores do supermercado, e em cada uma delas aprendeu o funcionamento do todo.

Apesar da experiência familiar no ramo e da adquirida na empresa, Tozetto não deixou de buscar a capacitação e a qualificação profissional. Graduou-se em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), cursou pós-graduação em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Gestão Estratégica do Varejo, pela Fundação Instituto de Administração (FIA). E a visão de necessidade de qualificação também se estende aos demais colaboradores. “Entendemos que a capacitação visa a excelência nos serviços. Especialmente nas áreas gerenciais desenvolvemos treinamentos, em parcerias com a Apras e com o Senac para as áreas técnicas. Além dos treinamentos e reciclagem feitos na própria empresa”, pontua Tozetto.

Além da rede de supermercados, Tozetto diversificou sua atuação empresarial e hoje é sócio e diretor de empresas do ramo de empreendimentos imobiliários, atendendo desde o público beneficiado pelos programas de incentivo do governo federal, como o “Minha Casa Minha Vida”, até aqueles que desejam imóveis em condomínios fechados de alto padrão.

Tozetto acredita que o segredo para o sucesso está ligado à perseverança e ao investimento. “Não se obtém êxito em um negócio se for buscado o imediatismo, cada coisa acontece a seu tempo. O importante é não desistir e investir, acreditar e conhecer no potencial do ramo, atualizar-se constantemente e gostar do que se faz”, revela.

Ele também destaca que o empreendedor brasileiro precisa ter o perfil para correr riscos. “Muitas vezes a própria legislação trabalhista e fiscal trata o empreendedor como um especulador. No passado, quem empregava tinha um valor social diferenciado, pois se entendia que ele trazia benefício para a sociedade. Hoje, um empresário com 100 colaboradores muitas vezes é tratado como aquele que explora a mão de obra”, desabafa.

Liderança
O empresário, à frente da Apras – uma organização não governamental que defende os interesses dos supermercadistas concorrentes entre si – salienta a importância de buscar os objetivos comuns da classe. Para atender a estes empresários, o presidente revela o serviço prestado pela associação em levar informações sobre as legislações e interpretações legais que envolvam o setor. Pelo Instituto Escola Paranaense de Supermercados (IESPAR), a Apras leva formação, qualificação e treinamento aos colaboradores dos associados. “As nossas defesas são diversas. Buscamos qualificar o empresário, fazer negócios, representá-lo, confraternizar e fazer com que empresários sentem-se juntos à mesa e se vejam como concorrentes e não como inimigos”, diz.
Tozetto enfatiza que as habilidades do comerciante contemporâneo não se resumem aos simples comprar e vender mercadorias e serviços. “Hoje, o empresário precisa dominar a legislação vigente, entender de todo o processo burocrático e da organização da empresa”, compartilha. Ele também lembra que o empresário do setor supermercadista enfrenta desafios da ordem tributária e burocrática, além da escassez da mão de obra, especialmente ao comércio que abre aos domingos e feriados.

Mudanças de Hábitos
Bem diferente do armazém de secos e molhados que o avô de Tozetto possuía no início do século passado, os supermercados precisam se adaptar às constantes mudanças de hábitos dos consumidores, e neste aspecto, são pioneiros. O empresário nota que o uso de cartões de crédito e de código de barras foram implementados inicialmente em supermercados, aliados ao autosserviço representam ganho de produtividade.

Ele salienta que é desafiador atender às diversas necessidades de quem consome, principalmente no Brasil, com diferentes classes sociais. “Temos o público que está entrando no mercado com o valor que recebe do programa Bolsa Família e quer melhorar de consumo, incluindo em seu carrinho de compras um refrigerante e um iogurte, por exemplo. Também precisamos atender o cidadão que não tem tempo, está em trânsito e quer um alimento pronto para o consumo. Isto cria nichos de mercado”, lembra.

Além disso, um ramo que teve grande crescimento em 2012 foi o de atacarejo, ou seja, os supermercados que têm a característica de prestar menos serviços e proporcionar um preço mais agressivo. “Existe o consumidor sensível a preço, outro que gosta de frequentar o supermercado e nesta categoria encontra-se a maioria, que vê o supermercado como um grande shopping, um local de compra e de lazer e esta necessidade do público precisa ser atendida”, conclui.


Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Ivo José de Lima
Revista Fecomércio PR nº 94


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Black Friday digital

Em reverência a Poty

Poty por aqui