As vozes e os sotaques do Brasil
O som do sagrado e as variantes do fole são os dois
temas do Sonora Brasil – Formação de Ouvintes, que em 2012, em comemoração aos
15 anos de itinerância do projeto, percorrerá 120 cidades do país
Vestidas com suas longas saias
coloridas, enfeites no cabelo e estandarte à mão, as cantadeiras de congo saem
em procissão nas cidades do litoral capixaba, entoando cânticos de adoração a
São Benedito. No Maranhão, as caixeiras vestem branco, cantam e tocam em
devoção ao Divino Espírito Santo e uma comitiva de foliões percorre o norte do
Brasil – ela também tem na música e na dança os instrumentos de religiosidade
ao santo. É no canto gregoriano que a música religiosa tem sua forma de
expressão mais antiga e presente na tradição judaico-cristã.
Enquanto isso, o acordeão viaja pelo país com
seus diferentes sotaques, mostrando a sonoridade do fole gaúcho, a sanfona
pernambucana de oito baixos, a música tradicional da região Centro-Oeste e o
som produzido pelo instrumento nos centros urbanos.
Da mistura do sagrado e do profano se
faz o sincretismo religioso. Da mistura do índio com o negro e o branco se faz
o brasileiro, com suas diferentes vozes e sotaques. Da diversidade de hábitos e
costumes é feita a riqueza cultural do país. É com “Sagrados Mistérios: vozes
do Brasil” e “Sotaques do Fole” que o Sesc promove em todo o território
nacional a 15ª edição do Sonora Brasil – Formação de Ouvintes. Trata-se de um
resgate histórico do repertório, da manutenção da tradição oral brasileira e do
maior projeto de circulação musical do país.
O projeto
O Sonora Brasil viaja o Brasil todo
com apresentações que priorizam o desenvolvimento histórico da música nacional e
tem a missão de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à construção de
uma obra pouco veiculada nos grandes meios de comunicação. Em 2012, serão 442
concertos, em 120 cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. Com
isso, o Sesc possibilita às populações o contato com a qualidade e a
diversidade da música brasileira, contribuindo de forma significativa para a
formação de plateias, difundindo a liberdade de expressão e de criação e
promovendo a democratização da arte brasileira.
De acordo com o coordenador nacional
do Sonora Brasil e assessor técnico de música do Departamento Nacional do Sesc,
Gilberto Figueiredo, o intuito do projeto é levar ao país informações sobre a
música brasileira que não estão disponíveis nas rádios, na televisão e, muitas
vezes, nem em livros especializados. “Trazemos de volta o hábito das pessoas
apreciarem uma obra de arte que ainda não conhecem. Vivemos um período da
produção cultural em que as pessoas estão sendo cada vez mais instigadas a
saírem de casa somente para cantar junto ou dançar. Quando criamos em uma plateia
este hábito pelo novo damos uma contribuição para toda a produção musical
contemporânea que não encontra espaço de divulgação”, pontua Figueiredo.
Ao fim de cada espetáculo é entregue
o público um catálogo, contendo informações referentes aos grupos, ao tema e
serve, inclusive, como material de pesquisa. “Debruçamo-nos em estudos para
poder construir este conteúdo. O material é distribuído gratuitamente para todo
o público que assiste ao concerto, contendo texto com fundamentação técnica,
porém com a preocupação de também atingir ao público leigo”, acrescenta o
coordenador nacional do projeto.
No Paraná, o primeiro grupo a se
apresentar, em julho, é Banda de Congo Panela de Barro, do Espírito Santo e, em
agosto, o Quarteto Colonial, do Rio de Janeiro. A terceira etapa do projeto
será com Caxeiras do Divino, do Maranhão, em outubro e, em novembro, as
apresentações serão com o grupo Comitiva de São Benedito da Marujada de Bragança,
do Pará.
Cronograma de espetáculos no Paraná
1ª etapa: Banda de Congo Panela de Barro (ES)
Curitiba (9/7); Ponta Grossa (10/7); Guarapuava (11/7); Pato Branco
(12/7); Francisco Beltrão (13/7); Cascavel (15/7); Umuarama (16/7); Maringá
(17/7) e Londrina (18/7).
2 ª etapa: Quarteto Colonial (RJ)
Curitiba (7/8); Ponta Grossa (8/8); Guarapuava (9/8); Pato Branco
(10/8); Francisco Beltrão (11/8); Cascavel (13/8); Umuarama (14/8); Maringá
(15/8) e Londrina (16/8).
3ª etapa: Caixeiras do Divino (MA)
Curitiba (10/10); Ponta Grossa (12/8); Guarapuava (13/8); Pato Branco
(14/10); Francisco Beltrão (15/10); Cascavel (17/10); Umuarama (18/10); Maringá
(19/10) e Londrina (20/10).
4ª etapa: Comitiva de São Benedito da Marujada de Bragança (PA)
Curitiba (9/11); Ponta Grossa (10/11); Guarapuava (11/11); Pato Branco
(12/11); Francisco Beltrão (13/11); Cascavel (15/11); Umuarama (16/11); Maringá
(17/11) e Londrina (18/11).
Silvia Bocchese de
Lima
Revista Fecomércio nº 88
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