A Nova Classe Média Brasileira
O poder de compra dos brasileiros das Classes C e D tem aumentado nos últimos anos e só em 2010, movimentaram juntas R$834 bilhões. Esses mesmos consumidores passaram a ser disputados pelo mercad, e há muito ainda a ser ofertado para este público emergente que não pára de crescer
Ela já corresponde a 94,5 milhões de pessoas, 50,5% da população do Brasil e concentra 46,24% do poder de compra do brasileiro e tornou-se a principal consumidora de eletrônicos e eletrodomésticos no País Este é o perfil da nova Classe Média Brasileira, que com o aumento do emprego formal e da expansão do crédito está comprando cada vez mais. Prova disso são seus lares, em que em 52% deles já é possível encontrar microcomputadores. Números bem diferentes dos registrados em 2002, quando apenas 13% os possuíam.
De acordo com Marcelo Cortes Neri, coordenador de “A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres”, a desigualdade de renda no País vem caindo desde 2001. “Entre 2001 e 2009, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou em 1,49% ao ano, enquanto a renda dos mais pobres cresceu a uma notável taxa de 6,79% por ano. O Brasil está prestes a atingir o seu menor nível de desigualdade de renda desde registros iniciados em 1960”, revela o coordenador da pesquisa.
Dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas apontam que entre os anos de 2003 e 2009, 29 milhões ingressaram na Classe Média Brasileira. Quem ganhou com esta transição social foi a agricultura, o comércio e a indústria, que tiveram que se adaptar para atender aos novos anseios dessa classe social.
Prova dessas mudanças e do novo nicho de mercado que se abriu, é a Alcast do Brasil Ltda., uma indústria localizada no município de Palmas, na Região Sudoeste do Estado. Inicialmente, produzia apenas discos de alumínio, mas atenta às novas demandas do mercado, adaptou sua linha de produtos e, hoje, produz mensalmente 360 mil panelas de pressão, 23 mil conjuntos de panelas e 180 mil frigideiras e tornou-se a líder em vendas de panelas de pressão no Brasil. “Buscamos inovação e investimos em novas tecnologias para reduzir o custo e manter um preço acessível aos clientes, mantendo a qualidade dos produtos. Desde o inicio, a empresa tem como público alvo as classes C, D e E, fabricando produtos com menor valor agregado para facilitar o consumo das pessoas com baixo poder aquisitivo”, revela Abelson Carles, diretor da Unidade de Palmas. Ele defende que a redução dos custos não diminuiu a qualidade dos produtos. “Em 2002, submetemos os produtos à análise do instituto Falcão Bauer, que aprovados, conquistaram certificação de qualidade e segurança do Inmetro”, pontua.
Mudanças Alimentares
As mudanças de comportamento do consumidor são verificadas, também, nos seus hábitos alimentares, conforme revela recente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que no mesmo período em que houve o aumento da Classe Média, a quantidade dos alimentos que formam o típico prato brasileiro, reduziu drasticamente. Hoje, o brasileiro come 41% a menos de arroz e 27% a menos de feijão, do que comia no início da década de 2000. Em contrapartida, o consumo de refrigerantes e cerveja, cresceram, respectivamente, 40% e 22%. Outros produtos, considerados como primários, como o açúcar e a farinha de mandioca também tiveram reduções significativas, de 48% e 32%, respectivamente.
Este novo consumidor está preferindo adquirir produtos processados, como pães, embutidos, refrigerantes e refeições prontas, em detrimento aos in natura.
Comércio Classe C
Na Psicologia, defende-se a ideia de que o indivíduo aproxima-se das demais pessoas quando identifica no outro características que lhe são próprias. Este conceito deve ser aplicado, também, no comércio e na publicidade.
Recentemente o jornal “Folha de São Paulo” publicou pesquisa da Agência WMcCann, em que se verifica que o consumidor da Classe C afasta-se de locais que considera muito chique e onde os vendedores o julgam pelo olhar. “Quarenta e oito porcento dos consumidores dizem não a produtos muito sofisticados, com cara de ‘coisa para rico’. E 49% se afastam de um produto quando a embalagem fala de coisas que ele não entende. A classe emergente não busca nada que seja estereotipado, tanto em produto quanto em comunicação”, revela a pesquisa.
Com o crescimento da Classe Média, houve o acréscimo, também, do poder de compra e da expansão do consumo. Dados do Instituto Data Popular, e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizado pelo IBGE, mostram que de 2002 a 2009, uma parcela maior da população passou possuir aparelho de televisão a cores, geladeira, máquina de lavar roupa e microcomputador.
Em 2002, a configuração dos lares da Classe C brasileira era a seguinte: 95% dos lares tinham televisão a cores, 14% estavam com geladeira dúplex, 13% equipados com microcomputador e 42% com máquina de lavar roupa. O cenário, encontrado pela pesquisa, em 2009, foi bem diferente: 99% dos lares já dispunha de televisão a cores, 37% com geladeira dúplex, 52% com microcomputadores e 61% com máquina de lavar roupas.
Para Clóvis Simões, diretor comercial da Atlas Eletrodomésticos, localizada na cidade de Pato Branco, o avanço do poder de consumo das Classes C, D e E reforçaram a posição da empresa que tem como foco principal este público consumidor, que hoje representa 40% das vendas. “Ao longo de sua trajetória, a Atlas sempre esteve em sintonia com a dinâmica do mercado, com cenários de inovação e evolução do varejo, investindo no conhecimento do consumidor e buscando interpretar variações no padrão de consumo. Tudo isso, visando o balizamento no desenvolvimento de sua linha de produtos.”
Embora tenha como foco principal, o mercado emergente, a indústria conquistou dois grandes grupos de consumo, classificados como A/B e C/D/E/ que, segundo Simões, apresentam níveis específicos de consumo e de produtos. “Nesta situação, o conhecimento do consumidor e o foco nas mudanças garantem o padrão de gestão esperados”, conclui o diretor comercial.
De acordo com Marcelo Cortes Neri, coordenador de “A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres”, a desigualdade de renda no País vem caindo desde 2001. “Entre 2001 e 2009, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou em 1,49% ao ano, enquanto a renda dos mais pobres cresceu a uma notável taxa de 6,79% por ano. O Brasil está prestes a atingir o seu menor nível de desigualdade de renda desde registros iniciados em 1960”, revela o coordenador da pesquisa.
Dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas apontam que entre os anos de 2003 e 2009, 29 milhões ingressaram na Classe Média Brasileira. Quem ganhou com esta transição social foi a agricultura, o comércio e a indústria, que tiveram que se adaptar para atender aos novos anseios dessa classe social.
Prova dessas mudanças e do novo nicho de mercado que se abriu, é a Alcast do Brasil Ltda., uma indústria localizada no município de Palmas, na Região Sudoeste do Estado. Inicialmente, produzia apenas discos de alumínio, mas atenta às novas demandas do mercado, adaptou sua linha de produtos e, hoje, produz mensalmente 360 mil panelas de pressão, 23 mil conjuntos de panelas e 180 mil frigideiras e tornou-se a líder em vendas de panelas de pressão no Brasil. “Buscamos inovação e investimos em novas tecnologias para reduzir o custo e manter um preço acessível aos clientes, mantendo a qualidade dos produtos. Desde o inicio, a empresa tem como público alvo as classes C, D e E, fabricando produtos com menor valor agregado para facilitar o consumo das pessoas com baixo poder aquisitivo”, revela Abelson Carles, diretor da Unidade de Palmas. Ele defende que a redução dos custos não diminuiu a qualidade dos produtos. “Em 2002, submetemos os produtos à análise do instituto Falcão Bauer, que aprovados, conquistaram certificação de qualidade e segurança do Inmetro”, pontua.
Mudanças Alimentares
As mudanças de comportamento do consumidor são verificadas, também, nos seus hábitos alimentares, conforme revela recente pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que no mesmo período em que houve o aumento da Classe Média, a quantidade dos alimentos que formam o típico prato brasileiro, reduziu drasticamente. Hoje, o brasileiro come 41% a menos de arroz e 27% a menos de feijão, do que comia no início da década de 2000. Em contrapartida, o consumo de refrigerantes e cerveja, cresceram, respectivamente, 40% e 22%. Outros produtos, considerados como primários, como o açúcar e a farinha de mandioca também tiveram reduções significativas, de 48% e 32%, respectivamente.
Este novo consumidor está preferindo adquirir produtos processados, como pães, embutidos, refrigerantes e refeições prontas, em detrimento aos in natura.
Comércio Classe C
Na Psicologia, defende-se a ideia de que o indivíduo aproxima-se das demais pessoas quando identifica no outro características que lhe são próprias. Este conceito deve ser aplicado, também, no comércio e na publicidade.
Recentemente o jornal “Folha de São Paulo” publicou pesquisa da Agência WMcCann, em que se verifica que o consumidor da Classe C afasta-se de locais que considera muito chique e onde os vendedores o julgam pelo olhar. “Quarenta e oito porcento dos consumidores dizem não a produtos muito sofisticados, com cara de ‘coisa para rico’. E 49% se afastam de um produto quando a embalagem fala de coisas que ele não entende. A classe emergente não busca nada que seja estereotipado, tanto em produto quanto em comunicação”, revela a pesquisa.
Com o crescimento da Classe Média, houve o acréscimo, também, do poder de compra e da expansão do consumo. Dados do Instituto Data Popular, e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizado pelo IBGE, mostram que de 2002 a 2009, uma parcela maior da população passou possuir aparelho de televisão a cores, geladeira, máquina de lavar roupa e microcomputador.
Em 2002, a configuração dos lares da Classe C brasileira era a seguinte: 95% dos lares tinham televisão a cores, 14% estavam com geladeira dúplex, 13% equipados com microcomputador e 42% com máquina de lavar roupa. O cenário, encontrado pela pesquisa, em 2009, foi bem diferente: 99% dos lares já dispunha de televisão a cores, 37% com geladeira dúplex, 52% com microcomputadores e 61% com máquina de lavar roupas.
Para Clóvis Simões, diretor comercial da Atlas Eletrodomésticos, localizada na cidade de Pato Branco, o avanço do poder de consumo das Classes C, D e E reforçaram a posição da empresa que tem como foco principal este público consumidor, que hoje representa 40% das vendas. “Ao longo de sua trajetória, a Atlas sempre esteve em sintonia com a dinâmica do mercado, com cenários de inovação e evolução do varejo, investindo no conhecimento do consumidor e buscando interpretar variações no padrão de consumo. Tudo isso, visando o balizamento no desenvolvimento de sua linha de produtos.”
Embora tenha como foco principal, o mercado emergente, a indústria conquistou dois grandes grupos de consumo, classificados como A/B e C/D/E/ que, segundo Simões, apresentam níveis específicos de consumo e de produtos. “Nesta situação, o conhecimento do consumidor e o foco nas mudanças garantem o padrão de gestão esperados”, conclui o diretor comercial.
Silvia Bocchese de Lima
Comentários
Postar um comentário