Você conhece a obra musical de Paulo Leminski?
Apresentação de Paulo Leminski, no Teatro Paiol, em Curitiba. Crédito imagem: Autor Desconhecido | Acervo da Família |
Por Silvia Bocchese de Lima
Entre as tantas aptidões que Paulo Leminski possuía, a musical era uma delas e por isso aprendeu a tocar violão e a compor canções. Com seu irmão Pedro e o amigo Paul Bahr – estudante de medicina naquela época – formaram o trio Duas Pauladas e Uma Pedrada.
Toninho Vaz, em O Bandido que Sabia Latim, salienta que Leminski, em 1972, criou um projeto intitulado “Em Prol de um Português Elétrico”, com a proposta de realizar uma “pesquisa mais profunda e direcionada para o ponto fraco do rock brasileiro: as letras”. Em artigo publicado no jornal Diário do Paraná, de 16 de abril de 1977, Leminski declarou que o projeto foi feito para que pudessem “testar a resistência do vernáculo à eletricidade: fonética e guitarras (…) Os entendidos que se aproximavam do material produzido sacavam que estava em andamento em Curitiba, talvez a mais criativa experiência de roque brasileiro. Era um roque muito pesado, violento, com letras de forte carga de crítica social e contestação”, pontuou Leminski.
No Arquivo Nacional é possível encontrar documentos da Divisão de Censura e de Diversões Públicas (DCDP) com pedidos de Leminski e de empresas fonográficas que o representavam para que realizassem o exame de obras lítero-musical de sua autoria. Frevo das Diretas, com letra de Leminski e música de Moraes Moreira, foi aprovada pela DCDP em janeiro de 1984. “A produção da música foi solicitada pelos criadores da campanha ‘Quero votar para presidente’, porém não chegou a ser usada por não ter havido acordo com relação ao pagamento de direitos autorais”, revela Ernani Buchmann, um dos responsáveis pela campanha.
Três anos antes, em 1981, Leminski teve 3º Mundo vetada pela censura, com a justificativa de que “a mencionada letra musical procura ridicularizar um vulto histórico de nossa Pátria (…) por esta razão e por contrariar a lei (…), apontamos a interdição da composição”. O vulto histórico era D. Pedro II.
Acervo do Arquivo Nacional |
Acervo do Arquivo Nacional |
Leminski foi o compositor de 109 músicas, entre outras gravadas e interpretadas por Caetano Veloso, Guilherme Arantes, Arnaldo Antunes, Ney Matogrosso, Paulinho Boca de Cantor, Zélia Duncan, Blindagem, Moraes Moreira e Ivo Rodrigues. Leminski chegou a dizer que apesar destas inúmeras parcerias, ele alcançou a glória quando Angela Maria gravou uma música que ele escreveu para ela.
Buchmann, durante mesa-redonda com Toninho Vaz e no Teatro do Sesc da Esquina, em 2023, relembrou que na década de 1980, “a Rede Globo passou a investir no público infantil. Já havia o Show da Xuxa, mas a emissora queria mais. Foi quando entraram em cena os musicais infantis. Em um deles, Leminski e Guilherme Arantes foram contratados para trabalhar juntos. Dessa improvável parceria saiu um clássico dos musicais infantis, o sucesso Xixi nas Estrelas”, disse.
Semana Literária
Para celebrar a trajetória de Paulo Leminski, a escritora, cantora e compositora Estrela Leminski acompanhada pelo músico Téo Ruiz, resgata as composições do pai, que além de poeta e tradutor também escreveu mais de 100 canções, gravadas por artistas como Caetano Veloso, Itamar Assunção e Ney Matogrosso. O show musical Leminskanções será apresentado no Sesc Medianeira, na sexta-feira (9), às 19h; no Sesc São José dos Pinhais, no sábado (10), às 15h30, e no domingo (11), às 16h, no Sesc Estação Saudade, em Ponta Grossa.
Em Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer (MON), o público poderá visitar a Experiência Sonora, um espaço interativo com letras e músicas de Leminski. E a cantora e compositora curitibana, radicada em São Paulo, Bruna Lucchesi apresenta o show Quem Faz Amor Faz Barulho, com composições de Leminski. No Sesc Arapongas a apresentação será na sexta-feira (9), às 19h; no Sesc Maringá, no sábado (10), às 18h, e no Sesc Londrina Cadeião, no domingo (11), às 17h.
Clique AQUI e confira a playlist com algumas canções escritas por Leminski e amigos.
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