Poty para o Paraná

Família do artista Poty Lazzarotto entrega ao MON o maior acervo já doado à instituição 

  

Em papel, madeira, em cimento, vidro ou com linhas, utilizando diferentes linguagens, mas fazendo uso de singeleza e poesia em todos os seus trabalhos como desenhista, muralista, ceramista e gravurista, o curitibano Napoleon Potyguara Lazzarotto, o Poty, retratou como nenhum outro artista o cotidiano do Paraná e de Curitiba. 

Ao longo dos seus 74 anos de vida, Poty desenvolveu incontáveis trabalhos que estão expostos em diversas cidades do Brasil e do exterior. Atendendo a um pedido que o artista fez ainda em vida, o irmão João Lazzarotto fez a doação de mais de quatro mil obras de Poty ao Museu Oscar Niemeyer (MON), no dia 29 de março — data do aniversário de Poty e de Curitiba.  


Parte do acervo doado
Crédito imagem: Kraw Penas-SECC



A entrega foi formalizada no gabinete do governador Carlos Massa Ratinho Junior, que agradeceu ao irmão de Poty. “Estamos honrados pela escolha do MON. É um patrimônio de grande riqueza cultural e histórica, que o Estado do Paraná não teria recursos para pagar e que agora poderá ser visto por todos que visitarem o museu. Poty é o nosso principal artista e um dos grandes artistas de todo o mundo”, afirmou o governador. 

João Lazzarotto contou que o irmão entendia que obra de arte é para que o público possa olhar. “Ele queria que as suas obras ficassem aqui. Recusou pedidos de levá-las para Paris e para outros lugares. Curitiba era tudo para ele”, revelou João. 

 

Doação 

Ao todo foram doados mais de três mil desenhos assinados por Poty, 366 gravuras, além de tapeçarias, entalhes, serigrafias e esculturas – a maior coleção já doada ao museu. “Destas quatro mil obras, de valor inestimável, temos mais de três mil desenhos, algumas gravuras, mas temos também esculturas muito interessantes, e até tapeçaria. A coleção mostra a diversidade do artista para propor obras de artes em diversas linguagens e demonstra a versatilidade de Poty ”, avalia a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. 

Juliana explica que o MON recebe diversas propostas de doações, e normalmente menos de 5% dessas ofertas são aceitas pelo museu. “Isso ocorre por conta de toda a nossa linha artística e do nosso Marco Referencial de Curadoria. O MON se dedica às artes visuais, arquitetura e design. Quando temos uma proposta de doação como esta, é feita uma análise das obras pela equipe técnica do museu e pelos conselhos”, pontua. 


Parte do acervo doado
Crédito imagem: Kraw Penas-SECC


 

Para o público 

Com traços marcantes, Poty conseguiu imprimir uma identidade única em suas obras. Juliana acredita que o público irá se surpreender com os trabalhos inéditos de Poty que em breve estarão em exposição no museu. “Com certeza existem muitos ‘Potys’ nestas quatro mil obras. O fato desta coleção agora estar no museu é de extrema importância para podermos estabelecer este diálogo da arte contemporânea com outras linguagens artísticas.  Como a coleção é muito grande, nós sabemos que teremos que fazer diversas exposições, com inúmeros conceitos e temas dentro do trabalho do Poty ”, ressalta Juliana, informando que a primeira exposição com parte do acervo do artista deve ser inaugurada até o início de julho e ocupará dois andares da torre do Olho.  

A diretora-presidente do MON também revela que a ideia do museu é que sejam promovidas mostras itinerantes com as obras de Poty para percorrer diversas cidades do estado. “Poty retratava muitos momentos da história de Curitiba e do Paraná. Além de ser um excepcional artista, ele era ligado à arte moderna. É impressionante a percepção que ele tinha para retratar momentos do cotidiano, do dia a dia da cidade e do estado”, explica. 


Revista Fecomércio PR - nº 147 

Texto: Silvia Bocchese de Lima

Fotos: Kraw Penas-SECC

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