O café da terra roxa

Ciclo econômico do café foi o responsável pela exploração da região Norte do Paraná, criação e desenvolvimento de algumas das principais cidades do estado 

























Enquanto a erva-mate e a madeira foram os ciclos econômicos que levaram às regiões Centro-Sul e Sudoeste do Paraná a serem colonizadas e exploradas, a pecuária foi responsável pela passagem e fixação dos tropeiros nos Campos Gerais e o ouro no litoral e capital do estado, o café levou a expansão da monocultura paulista ao norte do Paraná, o desenvolvimento e a criação de algumas das mais importantes cidades paranaenses tornando vazios populacionais em regiões prósperas e urbanizadas. Exemplo disso é Jacarezinho, Londrina, Apucarana, Maringá, Paranavaí, Arapongas entre tantas.

A cultura cafeeira no Paraná foi a continuação das plantações que vinham desde Minas Gerais – quando do esgotamento da exploração aurífera –, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, até chegar às terras do norte paranaense. Porém aqui, um detalhe fez toda a diferença: o solo. Resultado de derrames basálticos, o solo do terceiro planalto paranaense tem um aspecto avermelhado, repleto de minerais e extremamente fértil. Foi da palavra vermelha, em italiano, rossa, que a terra ganhou o apelido de roxa.

Riqueza estadual           
A agricultura paranaense transformou-se com a produção cafeeira. Esta cultura tornou-se a riqueza do estado e trouxe o desenvolvimento e o crescimento da economia estadual. O café era a produção mais valorizada, e foi, sem dúvida, a responsável por grandes desmatamentos, devastação de florestas e pelo recebimento de um grande número de imigrantes.
O historiador Wachowicz pontua que, em 1924, o Paraná possuía 17 milhões de cafeeiros plantados, enquanto em São Paulo, o maior produtor, este número chegava perto de 800 milhões.
Mas foi a crise de 1929, a Grande Depressão, que afetou a economia mundial e desestimulou a produção cafeeira. Alguns estados tomaram medidas como a incineração de grãos, proibição de novos plantios e taxação nas exportações. Entretanto, o Paraná não agiu da mesma forma e a crise atingiu fortemente a cafeicultura paranaense. Passada a crise mundial, a cultura voltou a ser rentável e prioritária.
Como a maior parte das exportações paranaenses eram feitas pelo Porto de Santos, e a cada saca de café exportado por lá o Paraná perdia algo em torno de 8$000rs. Diante deste cenário, o governo paranaense passou a forçar a exploração pelo Porto de Paranaguá. Em 1935, enquanto a economia da erva-mate entrava em decadência, o café estava prestes a se tornar o principal produto da economia paranaense.
A década de 1940 é marcada pelo deslocamento do eixo produtor do café do Norte Pioneiro para a região de Londrina, conhecida como Norte Novo.

Auge e declínio
O Paraná viveu no século XX o auge e o declínio da produção cafeeira. De acordo com Irineu Pozzobon, em A epopéia do café no Paraná, o ciclo da cafeicultura no estado pode ser dividido em três distintas fases. A primeira, de 1900 a 1945, é marcada pelo desbravamento e implantação da cultura; a segunda, de 1946 a 1974 é de expansão e racionalização e, a terceira, de 1975 a 2000, de retração e adequação tecnológica.
Enquanto em 1902 o estado de São Paulo proibiu a plantação de novos pés de café pelos cinco anos seguintes, o governo paranaense incentivou novas plantações, reduziu as taxas de exportação e procurou atrair novos fazendeiros.
Na década de 1920, somente no Paraná era contabilizadas 1.215 propriedades cafeeiras e o estado era o sétimo maior cultivador de café no Brasil.
Segundo Wachowicz, em História do Paraná, foi nos últimos anos do século XIX que a região de Jacarezinho começou a produzir café em quantidade suficiente para exportação. Já no início do século XX, a produção era em torno de 1% da produção nacional. “Até o final da década de 30, praticamente todo o café produzido no Paraná era da região do Norte Pioneiro. Até 1945, término da Segunda Guerra Mundial, a produção cafeeira do estado oscilou entre 2 e 3% do total nacional”, destaca Wachowicz.
Para Nadir Cancin, em Cafeicultura paranaense, a expansão do café no estado foi resultado de uma série de fatores, como a política econômica governamental, a facilidade na aquisição de terras, clima propício e escoamento da produção via ferrovias, ligando o Paraná ao Porto de Santos.
A decadência da cafeicultura paranaense ocorre, principalmente pelas fortes geadas de 1963, 1964 e 1966; pela devastadora Geada Negra de 1975, pelo medo generalizado de nova geada ocorresse e pelo desenvolvimento da soja como um produto agrícola de grande aceitação, além do trigo e da pecuária.
As décadas seguintes viram o lento renascer da cafeicultura no Paraná, trazendo consigo também o conceito de cafés especiais.
Em 2017, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, o Paraná ocupou o sexto lugar em produção cafeeira estre os estados brasileiros, algo em torno de 1,21 milhões de sacas, representando, 2,7% do total.



Texto: Silvia Bocchese de Lima
Fotos: Banco de Imagens
Revista Fecomércio PR - nº 128




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Black Friday digital

Em reverência a Poty

Poty por aqui