Discursos inflamados marcam posse da Fiep
As medidas de ajuste fiscal anunciadas pelos
governos federal e estadual foram protagonistas dos discursos, na cerimônia de
posse da nova diretoria da Fiep – quadriênio 2015-2019 –, na sexta-feira (18),
e que reconduziu Edson Campagnolo à presidência da instituição.
A Fiep, sob o comando de Campagnolo, está à frente
de 109 sindicatos empresariais filiados, defende o interesse de 50 mil
indústrias de 32 segmentos, que geram mais de 870 mil empregos no estado e
representam o 5º maior parque industrial do país. “Assumir a Fiep há 4 anos foi
uma surpresa e uma graça, mas foi também uma grande reflexão. A sensação de
impotência frente aos nossos governantes é muito grande, mas tenho a convicção
que podemos mudar este país. Muitos estão perdendo empregos, muitos industriais
não sabem como manter suas indústrias abertas”, desabafou Campagnolo.
Edson Campagnolo (Crédito: Bruno Tadashi) |
Ele pontuou ainda a ineficiência e morosidade do
setor jurídico brasileiro. “Isso nos dá a sensação de impunidade. Muita gente
morre sem receber precatórios. Não é justo o judiciário receber auxílio
moradia. É preciso haver movimento, mas também desprendimento”, lembrou.
O presidente teceu críticas ao aumento da
arrecadação do estado e à arbitrariedade do PL 662/2015, que prevê, entre
outras medidas, a liberação da venda de ações e de imóveis de empresas
públicas, entre elas a Copel e Sanepar, sem a autorização da Assembleia
Legislativa do Paraná. “O governo do estado está descumprindo o acordo firmado
com o setor produtivo no ano passado. A atual política pública mostra que no
país é proibido ganhar dinheiro. É preciso valorizar o empreendedor
brasileiro”, desabafou.
Para o presidente da OAB-PR, Juliano Breda, as
entidades representativas de classe repudiam veementemente o retorno da CPMF e
lembrou o discurso da ex-primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher. “O
Estado não tem fonte de dinheiro senão o dinheiro que as pessoas ganham por si
mesmas e para si mesmas. Se o Estado quer gastar mais dinheiro, somente poderá
fazê-lo emprestando de sua poupança ou aumentando seus impostos. Não é correto pensar
que alguém pagará. Esse alguém é você. Não há dinheiro público, há apenas
dinheiro dos contribuintes”, citou Breda.
Na avaliação do prefeito de Curitiba, Gustavo
Fruet, este é um momento inédito, pouco previsível e o mais desafiador já
vivido no país. “Não podemos incentivar o radicalismo. Este momento que vivemos
no Paraná e no Brasil é fruto de
omissões dos períodos de bonança”, avalia Fruet.
Representando o governador do Paraná, Beto Richa, o
secretário Chefe da Casa Civil do Paraná, Eduardo Sciarra, defendeu que as
medidas tomadas de ajuste fiscais foram duras e inadiáveis. “Essas medidas
trouxeram um ônus político muito grande para o governo do estado, mas os fatos
mostram que elas eram impossíveis de serem adiadas. Houve, sem dúvida, uma
penalização para o setor produtivo, mas sem perder de vista o que acontece na
média, nacionalmente”, defendeu Sciarra.
O senador Alvaro Dias defende que o retorno da CPMF
é um retrocesso. “Trata-se de um imposto perverso. Temos no Brasil uma das
maiores cargas tributárias do mundo. Precisamos mirar no exemplo de gestão que
os homens das indústrias do Paraná nos mostram”, acredita o senador.
Menos tributos,
mais respeito
Representantes de entidades do setor produtivo de outros estados
manifestaram apoio à iniciativa, lançada na sexta-feira (18), por
representantes do setor produtivo e dos trabalhadores, o movimento “Menos
tributos, mais respeito”. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de
Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, destacou a organização do
movimento paranaense. “A sociedade reagiu fortemente em relação à proposta de
aumento da carga tributária, que aqui no Brasil já está muito elevada. Este
movimento do Paraná é organizado e terá condições de influenciar iniciativas
semelhantes em outros estados. Em Santa Catarina vamos conversar com a nossa
diretoria nesse sentido”, destacou Côrte.
Na
avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG),
Olavo Machado Junior, o movimento simboliza o anseio de instituições de todo o
país, e deve ser ampliado para outros estados. “O Paraná teve a ideia que
muitos estão tentando falar. Concordamos em pagar impostos sim, mas temos que
pagar aquilo que é o necessário para um governo ter eficiência. Estamos
alimentando uma maquina que não tem eficiência, sacrificando muitos negócios
pagando contas que não nos pertencem. É um grande movimento, queremos ampliar
isso para o Brasil inteiro”, afirmou.
Apoiam o movimento: a OAB-PR;
Fecomércio PR; FAEP; FIEP PR; Faciap; Fetranspar; Sistema Ocepar; Associação
Comercial do Paraná; Sescap PR; CRECI PR; CRC PR; Movimento Pró-Paraná; Instituto
dos Advogados do Paraná; Instituto Democracia e Liberdade, União Geral dos
Trabalhadores; Fetiep e Sinduscom PR.
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