Sonora Brasil chega ao Paraná com Violas Nordestinas


A tradição do repente e seu improviso, as violas de machete e a erudita nordestina foram apresentadas neste sábado (8) e domingo (9), em Curitiba e Paranaguá, na primeira etapa do projeto Sonora Brasil, com Violas Nordestinas.

Importantes músicos do cenário nacional trouxeram ao público as diferentes vertentes da viola tocada no Nordeste. O violeiro, violonista e compositor Antônio Madureira, radicado em Recife (PE), foi líder de uma das maiores expressões musicais – o Movimento Armorial. A convite de Ariano Suassuna, com quem trabalhou por 42 anos, liderou o Quinteto Armorial, com a proposta de fazer música popular com elementos eruditos e tocou ao lado do escritor em 220 aulas-espetáculo, em 120 cidade pernambucanas.

Ivanildo Vilanova
Crédito: Ivo Lima
Madureira participou da primeira edição do Sonora Brasil há 18 anos e hoje percorre o Brasil, pelo projeto, pela terceira vez. “A viola que trago é a popular conectada à erudita e já há uma tradição grande no Brasil inteiro, desta viola. Existe no nordeste um movimento muito maior do repente, com muitos cantadores e um trabalho intenso nesta área, no interior. Porém, para o público urbano, este trabalho é menos conhecido, e a surpresa é quando ele entra em contato por esta forma de música e poesia improvisada: aí, ocorre o encantamento”, destacou Madureira.

Pernambucano de Caruaru, Ivanildo Vilanova, cantador e violeiro, apresentou a tradição do repente e as diferente métricas que compõem a poesia, desde as sextilhas em gemedeira à agalopada. Com sua viola e seus versos, Vilanova, trouxe temas atuais, políticos e culturais. “Com 50 anos de profissão, eu vejo a minha participação no Sonora Brasil como o encerramento da minha carreira com chave de ouro. Vou percorrer o país inteiro, conhecer lugares que jamais imaginei conhecer, um público totalmente diferente do que estou habituado, com uma divulgação que nunca tive, e terei a oportunidade de beber de outras fontes culturais. Passei uma semana doente de ansiedade, só pensava nisso”, conta o repentista Vilanova.

Cássio Nobre, maranhense radicado em Salvador (BA), é compositor e pesquisador do samba de roda do Recôncavo Baiano e, em especial, da viola machete. “A viola de machete está enraizada no Recôncavo Baiano, uma região de forte matriz africana. É um instrumento ibérico, mas que nesta região tem características africanas, na forma de tocar, como se relaciona com o canto, com a dança e o corpo, em geral. Venho trabalhando nesta área de pesquisa e na produção de materiais audiovisuais, e este trabalho traz influências para o trabalho artístico”, revela.

O engenheiro agrônomo, Orlando Lisboa de Almeida, declara-se um apaixonado pelo projeto Sonora Brasil e o acompanha há 18 anos, desde a sua primeira edição. “A experiência que eu tenho com o Sonora é a melhor possível. Sou um apaixonado pela música brasileira mais autêntica e este projeto é louvável. Eu acompanho há muitos anos e já vi e ouvi coisas maravilhosas. São músicas que não estariam no seio da comunidade se não fosse uma entidade que apoia a cultura e o lazer”, testemunha Almeida.

Hoje (10), os três músicos da primeira etapa do Sonora Brasil estarão a partir das 19h, no Sesc Ponta Grossa, para apresentação das Violas Nordestinas. Na sequência, seguem para Guarapuava (11), Pato Branco (12), Medianeira (13), Maringá (15) e, em Londrina (16).

A próxima etapa do Sonora Brasil trará o tema Viola Caipira. A programação completa está disponível no site.







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