R.I.P. Eduardo Galeano


Hoje não contive as lágrimas... Eduardo Galeano morreu. Foi a minha mãe quem me apresentou a obra de Galeano e o instigante "As Veias Abertas da América Latina", quando tinha 16 anos e aquele momento foi de descobrimento, de admiração, e de inquietação.
Gostava de ouvi-lo também, de compartilhar suas ideias e confesso que guardava o desejo de conhecê-lo pessoalmente. Tanto é verdade que quando estive em Montevideu desejava esbarrar com ele pelas calles uruguaias. Restou-me registrar o rincão de Galeano na Casapueblo. Fico agora com "Memória do Fogo".
O texto "O Mundo" parece-me descrever Galeano e sua maneira de incendiar quem dele se aproximava...

Um homem da aldeia de Negu, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

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