Postagens

Mostrando postagens de junho, 2025

Curitiba: cidade exílio de Dalton Trevisan

Imagem
Dalton Trevisan | Crédito imagem: reprodução da internet e corrigidas imperfeições da imagem por IA Silvia Bocchese de Lima Dalton Trevisan tinha uma Gotham para chamar de sua. Por muito tempo, foi no encontro das Ruas Ubaldino do Amaral com a Amintas de Barros, no Alto da XV, em Curitiba, que o vampiro se abrigou.  Na capital paranaense – “a província, cárcere, lar” – nasceu, viveu, escreveu e morreu. Chegou a declarar, quase suplicar em seu polêmico conto Canção de Exílio , de 1984, publicado no O Estado de São Paulo , que Deus não permitisse que ele morresse por aqui. “Castigo bastante é viver em Curitiba | Morrer em Curitiba que não dá | Não permita Deus | A não ser bem longe daqui.”.  O apelo não foi atendido. Aos 99 anos, em 9 de dezembro de 2024, ele faleceu onde não queria, muito embora tenha dito que “Curitiba que é cidade boa para um sujeito morrer, porque o cemitério tem as ruas silenciosas e quietas”. Ainda que já seja nome de ruas e travessas em Cascavel, Fazenda ...

Cem anos de um discreto e sagaz vampiro

Imagem
  Texto: Silvia Bocchese de Lima Entre as inúmeras características que já atribuíram a Dalton Trevisan – bem-humorado, extraordinário, artista da palavra, contista magistral, inventor, premiado, grande paisagista de Curitiba, incansável operário das letras, um dos maiores escritores do país –, a de vampiro certamente seria execrada por Rui Werneck de Capistrano, que não admitiria que o chamassem assim. No  Correio de Notícias , ele reclamou, na década de 1990, que apontavam Dalton como “vampiro de almas”, afinal ele não era “tão pouco vampiro disso quanto daquilo”. Para ele havia excessos no uso da expressão: “em qualquer artigo ou resenha já soltam uma frase de efeito com vampiro no meio”. Deixando o notívago caçador de sangue de lado, cabe a Dalton Trevisan, em 2025, o título de centenário – em 14 de junho ele completaria 100 anos de idade – e, ao homem que era discreto, não dado aos holofotes, inúmeras homenagens lhe serão rendidas – que certamente, se estivesse vivo, não c...